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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Espionagem em Pearl Harbor



Tudo começou em 1935 e o cenário foi o Ministério de Propaganda do III Reich, em Berlim. Fazia dois anos que Goebbels estava à frente daquele departamento quando, em princípios deste ano, ofereceu uma festa ao seu pessoal. O secretário particular do ministro de propaganda, Leopold Kuehn, estava presente, acompanhado por sua jovem irmã Ruth. Goebbels, geralmente indiferente à beleza feminina, sentiu-se atraído pela formosa Ruth. Ficou toda a noite a seu lado e, de acordo com as aparências, aquele encontro tornaria a se repetir. Porém, mais tarde, possivelmente sob pressões, Ruth Kuehn teve que sair da Alemanha. O destino quis que sua nova residência fosse fixada próxima à do General Haushofer, famoso geopolítico. O general informou a Goebbels que tinha oportunidades não somente para a senhorita Kuehn, mas também para seus pais e irmãos. Aquelas "oportunidades" significavam ingressar, depois de um período de treinamento, no Serviço Secreto do Japão; devemos destacar, com efeito, que Haushofer trabalhava na organização do citado Serviço Secreto a pedido do governo japonês.

Em 15 de agosto de 1935, finalmente, uma família alemã desembarcou no Havaí. O pai era cientista, um elegante professor de cabelos grisalhos, bem educado de aspecto atraente. O Doutor Bernard Julius Otto Kuehn chegou com toda a sua família, exceto seu filho Leopold. Com ele vieram sua esposa Friedel, seu filho de seis anos, Hans Joachim, e sua filha Ruth. Estavam ali porque seu pai interessava-se pelo idioma japonês. Além disso, o doutor e sua filha estavam cativados pela história do Havaí. Eles percorreram meticulosamente todo o Havaí, até conhecer a topografia de suas ilhas melhor que sua própria casa. Ruth gostava da praia e dos esportes aquáticos, assim como sua família. Freqüentemente nadavam e passeavam de lancha. Friedel, a mãe, cujo aspecto era de uma matrona vulgar, escutava e observava detalhes de importância que passariam despercebidos a olhos menos avisados.

Ruth trabalhava de acordo com o plano estabelecido. Falava corretamente o inglês, dançava maravilhosamente e freqüentava todas as reuniões sociais importantes, onde se encontrava com oficiais americanos desejosos de passar uns momentos com a formosa alemã.

O doutor, por sua vez, escrevia uma série de artigos sobre os primeiros colonos alemães que chegaram às ilhas; os artigos, aparentemente, eram publicados por jornais de seu país natal.

Durante seus primeiros três anos nas ilhas, receberam cerca de 70.000 dólares, enviados a um banco de Honolulu pela Rotterdam Bank Association. Friedel, por seu turno, voltou de uma de suas viagens ao Japão com mais de 16.000 dólares.

Posteriormente, o FBI e o Serviço Secreto da Marinha calcularam que a família recebera, durante aquele período, quase 100.000 dólares.

Os Kuehn, porém, estavam a serviço de dois países. Cedidos aos japoneses pelo General Haushofer, os alemães descobriram logo seu valor. E foi assim que cópias das informações partiram rumo a Berlim, engrossando os arquivos da espionagem alemã.

No começo do ano de 1939, o Doutor Kuehn decidiu que necessitava de um lugar tranqüilo para o estudo do idioma japonês. Mudou-se, então, com sua família, de Honolulu para Pearl Harbor. A partir de então, o plano do Serviço Secreto japonês, para o qual haviam sido enviados Ruth e seu pai, começou a concretizar-se.

Ruth converteu-se na companhia favorita dos jovens e das esposas dos oficiais de marinha. Muito atraente, deu a entender, de muitas maneiras, ser uma experta no cuidado da beleza física. Por isso, quando em 1939 decidiu abrir um salão de beleza, a idéia foi recebida com entusiasmo. O êxito foi total, e a concorrência, integrada na maioria por noivas ou esposas de oficiais navais, superou todas as expectativas. Não é preciso dizer que as informações recolhidas referentes a chegadas e partidas de barcos, avarias, acidentes e alarmas iam diretamente para seus objetivos: Berlim e Tóquio. Afinal, o vice-cônsul japonês em Honolulu, Otogiro Okuda, reuniu-se secretamente com Ruth e seu pai. Okuda disse-lhes que era necessário enviar informações precisas, detalhadas e minuciosas, com dados exatos, das localizações dos barcos, aeroportos e quanta informação militar pudesse ser recolhida, com brevidade.

Kuehn começou a dar cumprimento ás instruções recebidas, iniciando longos passeios pelos molhes de Pearl Harbor, acompanhado de seu filho pequeno, excelente pretexto para deter-se ante os imponentes couraçados e estudá-los detidamente.

Os Kuehn, além da residência em Pearl Harbor, tinham uma pequena casa em Kalama, povoado situado em Oahu, perto de Pearl Harbor. Dali, pai e filha, em 2 de dezembro de 1941, utilizaram um sistema de comunicações por meio de sinais luminosos, que se constituiu em pleno êxito. Além disso, providos de poderosos binóculos, estudavam detidamente os movimentos dos barcos americanos. Os sinais, em código, eram recebidos pelo Vice-Cônsul Okuda, que, depois de decifra-los, os irradiava imediatamente a Tóquio.

Em 7 de dezembro de 1941, Ruth Kuehn abriu a janela da água-furtada e seu pai começou a fazer os sinais convencionais. Por meio destes, informaram aos japoneses quais eram os objetivos que deviam atacar e suas localizações. O Doutor Kuehn indicava os alvos, enquanto Ruth os observava por meio de seus binóculos.

Daquela pequena janela foi conduzido o ataque a Pearl Harbor, na manhã de 9 de dezembro.

Mas algo sucedeu. Aquelas luzes, quase imperceptíveis, foram localizadas pelos homens da defesa. E os Kuehn, que esperavam sair de Pearl Harbor num submarino japonês, foram detidos. O Doutor Kuehn, desesperado, atribuiu a si toda a responsabilidade do feito. Procurou por todos os meios evitar as suspeitas que recaíam sobre sua esposa e sua filha e, finalmente, resolveu revelar tudo quanto sabia. Kuehn foi condenado à morte; mais tarde, em 26 de outubro de 1942, a sentença foi comutada por 50 anos de trabalhos forçados, que seriam cumpridos em Alcatraz. Sua esposa e sua filha Ruth foram presas e, posteriormente, libertadas.

Fonte: adluna.sites.uol.com.br/

Um comentário:

  1. EXCELENTE POST!
    Meus parabéns,aprendi uma coisa que sabia superficalmente sobre o ataque japonês a Pearl Harbor...obrigado. ^^

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