Execução de poloneses pelo Einsatzgruppe em Leszno, Outubro de 1939
Einsatzgruppen ("força-tarefa" ou "grupos de intervenção" em alemão) eram grupos paramilitares formados por Heinrich Himmler e operacionalizadas pela Schutzstaffel (SS) antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Sua principal tarefa, de acordo com o general SS Erich von dem Bach, no Julgamento de Nuremberg, "era a aniquilação dos judeus, ciganos e agentes políticos soviéticos". Foram um componente-chave na implementação da Solução Final da Questão Judaica de Adolf Hitler (em alemão: Die Endlösung der Judenfrage) nos territórios conquistados.
Formados principalmente por homens da Ordnungspolizei, Waffen-SS e voluntários locais, e liderados por oficiais da Gestapo, Kripo e SD, estes esquadrões da morte seguiam a Wehrmacht a medida em que esta avançava para leste através da Europa Oriental rumo à União Soviética. Nos territórios ocupados, os Einsatzgruppen também usavam a população local por razões de segurança e para aumentar seu número, quando necessário. As atividades dos Einsatzgruppen eram disseminadas por um vasto grupo de soldados da SS e do Reich.
Por seus próprios registros, os Einsatzgruppen mataram mais de um milhão de judeus, praticamente todos civis, não utilizando quaisquer procedimentos legais (nenhuma leitura de sentença, seja de lei marcial ou administrativa), principiando pela intelligentsia polonesa, e progredindo rapidamente, por volta de 1941, ao objetivo principal de assassinar todos os judeus da Europa Oriental. O historiador Raul Hilberg calcula que entre 1941 e 1945 os Einsatzgruppen e as SS mataram mais de 1,3 milhão de judeus em assassinatos ao ar livre.
As Einisatzgruppen eram unidades móveis de extermínio, esquadrões compostos principalmente pela polícia alemã e pelas SS. Sob o comando do Serviço de Segurança (Sicherheitsdienst; SD) e das autoridades da Polícia de Segurança alemã (Sicherheitspolizei; Sipo), as unidades móveis de extermínio tinham, entre suas atividades a tarefa de assassinar pessoas suspeitas de serem inimigas raciais ou políticas do nazismo que se encontravam atrás das linhas de combate alemãs, dentro do território soviético ocupado.
As vítimas incluiam judeus, ciganos da subetnia Roma, e autoridades do estado e do Partido Comunista soviético. Os Einsatzgruppen também assassinaram milhares de deficientes físicos e mentais que se encontravam internados em instituições médicas e sociais. Muitos estudiosos acreditam que o assassinato sistemático dos judeus dentro da União Soviética ocupada pelos batalhões dos Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem (Ordnungspolizei), foi o primeiro estágio da “Solução Final”, o programa nazista para o extermínio dos judeus europeus.
Durante a invasão da União Soviética, em junho de 1941, as Einsatzgruppen acompanhavam o exército alemão enquanto este avançava rumo o interior do território soviético. As Einsatzgruppen, muitas vezes com o apoio dos cidadãos soviéticos e da polícia local, realizavam operações de extermínio em massa, indo diretamente até locais onde haviam comunidades judaicas e massacrando todos seus habitantes, diferentemente dos métodos posteriormente empregados de deportação dos judeus dos locais onde viviam, cidades ou guetos, para serem assassinados nos campos de extermínio.
O exército alemão provia o apoio logístico para as Einsatzgruppen, incluindo suprimentos, transporte, moradia, e até mesmo recursos humanos, através de unidades militares que vigiavam e transportavam os prisioneiros. No início de suas atividades as Einsatzgruppen atiravam somente em homens, porém, de meados até o final de 1941, passaram a assassinar a todos--homens, mulheres e crianças-- sem distinção de idade, e os enterrava em conjunto em grandes valas. Com a ajuda de informantes e intérpretes, identificavam-se os judeus de uma determinada região, que eram então levados para pontos de coleta, como lixo. Destes locais tinham que marchar, ou eram transportados por caminhões, para os locais onde seriam massacrados e onde grandes valas já haviam sido abertas. Em alguns casos, as vítimas tinham que cavar suas próprias sepulturas: depois de entregarem seus objetos de valor e de serem forçados a se despir, homens, mulheres e crianças eram fuzilados, fosse ao “estilo militar” (de pé, na frente da sepultura aberta) ou deitados dentro das valas, com a face virada para o fundo. Este último tipo de assassinato em massa era designado pelos nazistas e seus cúmplices, em deboche cruel, como “empacotamento de sardinhas”.
O fuzilamentos era o método mais comumente utilizado pelas Einsatzgruppen para assassinar os judeus. Porém, já quase no final de 1941, Heinrich Himmler, observando os efeitos psicológicos e o cansaço que os fuzilamentos em massa causavam em seus perpetradores, solicitou o desenvolvimento de uma forma de assassinato em massa mais rápida, impessoal e conveniente. Assim foram criados os “caminhões de gás”, que eram câmaras de gás móveis montadas sobre o chassis de um caminhão cujos canos de escapamento eram virados para dentro das caixas de transporte onde estavam os prisioneiros, matando-os através do envenenamento por pelo monóxido de carbono. Os caminhões de gás foram utilizados pela primeira vez na frente oriental (países a leste da Alemanha) no final do outono de 1941; e também foram utilizados em conjunto com os fuzilamentos para apressar a matança das vítimas, judeus e não-judeus, que estavam nas áreas onde as Einsatzgruppen operavam.
As Einsatzgruppen que acompanhavam o exército alemão durante a ocupação da União Soviética eram compostas por quatro grandes grupos operacionais: a Einsatzgruppe A espalhou-se pelo leste da Prússia e atravessou a Lituânia, a Letônia, e a Estônia em direção a Leningrado (atualmente São Petersburgo). Elas massacraram os judeus de Kovno, Riga e Vilna; o Einsatzgruppe B saiu de Varsóvia, na Polônia ocupada, e espalhou-se pela Bielorrússia, em direção a Smolensk e Minsk, devastando a população judaica de Grodno, Minsk, Brest-Litvosk, Slonim, Gomel e Moglilev, além de outras regiões; a Einsatzgruppe C começou suas operações em Krakow (Cracóvia) e se espalhou atravessando a região oeste da Ucrânia, em direção a Kharkov e Rostov-on-Don. Os membros daquele grupo assassinaram populações inteiras em Lvov, Tarnopol, Zolochev, Kremenets, Cracóvia, Zhitomir e Kiev. Elas eram tão letais que, na cidade de Kiev, na Ucrânia, as unidades do 4º destacamento dos Einsatzgruppen mataram, em apenas dois dias, 33.771 judeus na ravina de Babi Yar, no final de setembro de 1941. Das quatro unidades, o Einsatzgruppe D era o que operava mais ao sul. Seus membros chacinaram populações judaicas inteiras no sul da Ucrânia e da Criméia, principalmente em Nikolayev, Kherson, Simferopol, Secastopol, Feodosiya, e na região de Krasnodar.
Em sua tarefa macabra, as Einsatzgruppen recebiam ajuda dos soldados alemães e dos demais países do Eixo, bem como de colaboradoracionistas locais e outras unidades das SS. Os membros das Einsatzgruppen eram escolhidos entre unidades das SS, das Waffen SS (formações militares das próprias SS), SD, Sipo, Polícia da Ordem, e outras unidades políciais.
Na primavera de 1943, os batalhões das Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem já haviam exterminado mais de um milhão de judeus soviéticos, além de dezenas de milhares de comissários políticos soviéticos, guerrilheiros, ciganos da subetnia Roma, e deficientes físicos e mentais que se encontravam em instituições destinadas a seus cuidados. Os métodos móveis de extermínio, particularmente os fuzilamentos, mostraram-se cansativos, ineficientes, e ainda traumatizanates para muitos dos que atiravam. Mesmo com a continuação das atividades das Einsatzgruppen, as autoridades alemãs planejaram e iniciaram a construção de instalações fixas de gás nos campos de extermínio centralizados com a finalidade de exterminar uma quantidade bem maior de judeus.