Em 2 de outubro foi exibido oficialmente pela primeira vez em Moscou o filme "Stalingrado", do diretor russo Fiodor Bondarchuk. A película vai disputar o prêmio Óscar na categoria de "Melhor filme estrangeiro". "Quis rodar um filme sobre uma guerra que eu próprio não cheguei a ver", - disse Bondarchuk.
E conseguiu isso...
Por um lado, a película de Bondarchuk pode ser comparada a um monumento em memória de soldados soviéticos que lutaram nos campos da Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, é um autêntico filme de ação, em que foram observadas todas as regras e condições deste gênero cinematográfico. Além disso, "Stalingrado" é o primeiro filme russo a ser rodado em formato IMAX 3D, que permite conseguir hoje em dia o melhor efeito de imagem tridimensional. Daí o resultado – um espetáculo dinâmico, potente e impressionante, que tem como base um sério material histórico. Além disso, a música magnífica do compositor americano mundialmente famoso Angelo Badalamenti. "Quando Fiodor me convidou a trabalhar no filme 'Stalingrado', perguntei: 'Qual será a diferença entre este filme e muitas outras películas dedicadas à guerra?'”,- recorda o compositor.
"E ele respondeu: 'Sim, no meu filme haverá tudo que está normalmente presente nos filmes de guerra – combates, lutas de corpo a corpo, haverá tiros do lado russo e do lado alemão. Sim, todos estes elementos obrigatórios estarão presentes. A diferença do meu filme dos demais consiste em que todos os seus personagens têm coração – apesar de tudo, são capazes de amar e de condoer-se com os outros'".
"Gostei desta orientação!", - ri-se Badalamenti. Ela agradou também à famosa cantora de ópera Anna Netrebko, que concordou em gravar todas as partes vocais do filme...
O filme narra os eventos da Segunda Guerra Mundial. Novembro de 1942, Stalingrado, – uma cidade na margem do rio Volga... Uma casa que não foi destruída por milagre e um grupo de exploradores militares que recebeu a ordem de manter esta casa custasse o que custasse. De repente, surge uma moça, – a única habitante desta casa que conseguiu sobreviver. A seguir desenvolve-se uma história do amor entrecortada por terríveis ataques sangrentos. Eis uma cena do filme: o casal de amantes que num momento de calma se esconde nas ruínas abandonadas olha o céu e sonha: se fosse possível percorrer como que numa nuvem todo este tempo de guerra, todo este horror, tudo que é incompatível com a vida humana normal... Pena que não exista a tal nuvem!
Merecem uma atenção especial também as imagens de soldados alemães. Não são caricaturas, nem fantoches – são pessoas humanas, capazes de sentir dúvidas, vergonha e dor. Mais do que isso: os antagonistas principais do filme – um oficial soviético e um oficial alemão, – morrem juntos e nos últimos instantes de vida olham um para o outro. Mas esta não é uma reconciliação, - diz o diretor do filme Fiodor Bondarchuk.
" Não queríamos, em hipótese alguma, reduzir o final ao perdão de tudo e nivelamento do preto e do branco… O final, em que eles se encontram no mesmo local depois de disparar impiedosamente um contra o outro, - é imagem da guerra e em hipótese alguma a reconciliação”
Neste filme há muitas cenas de batalha que foram rodadas propositadamente em câmara lenta ou, pelo contrário, acelerada. Aviões espatifam-se de encontro ao solo, destroem-se casas, as chamas ardem. Graças ao formato 3D, consegue-se o máximo de realismo. Os espectadores têm a impressão de presença pessoal. “Se valia a pena fazem um filme em 3D? Inicialmente tive dúvidas. Mas depois, à medida que o trabalho avançava, certifiquei-me de que sim, valia a pena”, - diz o produtor de "Stalingrado" Alexander Rodnyansky.
"O 3D é precisamente o sistema que destrói a barreira entre o espectador, por um lado, e os eventos que se passam na tela, por outro. É o sistema que o cinema buscou durante toda a sua história. Falando a rigor, é o cinema com que sonhávamos."
Em 10 de outubro o filme "Stalingrado" entra na rede de distribuição cinematográfica russa. Os espectadores que resolverem assistir a esta película, não irão considerar o tempo perdido. E quanto à opinião da Academia de Cinema Americana, vamos saber isso um pouco mais tarde.
Na região de Moscou surgiu uma nova área teatral – a quinta Lyubimovka, que pertencia a Konstantin Stanislavsky. Os atores e diretores têm à sua disposição palcos onde o mundialmente famoso encenador criou a os seus primeiros espetáculos. A equipe que teve a ser cargo do restabelecimento da herdade espera que a história teatral de Lyubimovka continue e ofereça os seus palcos às jovens trupes.
Antes da revolução de 1917 a quinta Lyubimovka pertencia à família Alexeev, - os pais de Konstantin Stanislavsky. O dramaturgo Anton Chekhov passou aí o verão de 1902 escrevendo a sua peça "O Jardim das Cerejas". Depois da revolução, a quinta foi abandonada, ficou fechada e quase destruída. O seu restabelecimento começou apenas em 2004. Inicialmente os restauradores cuidaram da reforma da casa senhorial, a seguir empenharam-se em reformar o pavilhão teatral, que os pais tinham dado ao jovem Stanislavsky, - diz a diretora artística do projeto, Elena Gruyeva.
"A história deste pavilhão é a seguinte: quando Kosntantin Stanislavsky, ainda jovem, conscientizou que a sua prioridade era o teatro, os pais compraram para ele um pavilhão, que foi trazido e montado aqui. Era um presente destinado especialmente para os entretenimentos teatrais da família Alexeev."
O pavilhão teatral não se parece com as áreas cênicas tradicionais. O recinto pode ser dividido convencionalmente em três partes: central, onde estão os espectadores, e duas salas laterais – semicirculares, com grande janelas, onde se pode encenar espetáculos. No processo de obras de reforma e restauração de Liubimovka serão criadas novas áreas cênicas – não tradicionais, quanto à forma, mas clássicas, quanto ao conteúdo, – disse Elena Gruyeva.
"Além de tudo o mais, teremos por trás desta casa uma estufa, dentro da qual haverá um recinto para realizar conferências de imprensa, exposições e alguns projetos teatrais. Agora os encenadores nem sempre imaginam o palco em forma de uma caixa. Aí haverá uma sala com saída para o jardim de inverno e dali será possível penetrar no cerejal. Agora existem áreas para diversos projetos inovadores, como, por exemplo, um novo drama. E nós aí mantemos a tradição do teatro psicológico, cuja forma pode variar."
Nos próximos anos deve ser restaurada a casa senhorial em que vivia a família Alexeev. Aí serão realizadas diversas exposições. Mas, de um modo geral, esta quinta não deve transformar-se em museu. Lyubimovka será um local de encontro de atores e diretores teatrais, um local especialmente destinado para ensaios e experiências. A quinta já se saiu bem no “teste de resistência”, - especificou Elena Gruyeva.
"Aqui mesmo, neste teatro doméstico, decorreu recentemente o laboratório do diretor teatral escocês Matthew Lenton, famoso pelo seu método de improvisação teatral. Achamos que era importante para os nossos atores e responsáveis artísticos tomar conhecimento deste método. Ele deu aulas aqui durante 7 dias e o grupo era constituído por dez artistas russos e dez artistas da ópera de Beijing, da China. Conseguiu durante esta semana uni-los num grupo e apresentou em resultado o estudo de um espetáculo praticamente pronto, cujo tema é a maneira de uma pessoa de enfrentar a velhice."
Os realizadores e os atores já começaram a tornar habitável o pavilhão teatral. Os graduados e estudantes do Instituto Estatal de Arte Teatral encenaram no seu palco o espetáculo "Judas", baseado no conto de Leonid Andreev "Judas Escariotes", mostrando como se pode utilizar este espaço incomum, em que a qualquer instante se pode entrar no jardim ou abrir a janela. Este espetáculo, da mesma maneira que o ateliê de Matthew Lenton são realizados no quadro do festival teatral "Temporada de Stanislavsky".
A rua Arbat, uma das ruas mais famosas da capital russa, completa 520 anos. Quem não esteve nesta rua antiga de Moscou, dificilmente poderá compreender o caráter de toda a cidade antiga. Muitas lendas e muitos destinos de pessoas famosas da Rússia estão relacionados com esta rua. Festiva, alegre e imprevisível – esta rua está sempre aberta para os amigos.
A rua Arbat atravessa o próprio centro da cidade de Moscou. O enigma do seu nome não foi desvendado até hoje. Os cientistas discutem mesmo as raízes deste topônimo. Alguns afirmam que a origem deste termo é eslava, outros estão certos de que ela é turca ou árabe. Mas uma coisa é indiscutível: a rua Arbat é mencionada pela primeira vez nas crônicas de 1493 por causa do grande incêndio que arrasou Moscou. O czar Alexei Mikhaikovich, pai do imperador russo Pedro, o Grande, tentou certa vez rebatizar esta rua, dando-lhe o nome de Smolenskaya. Mas os habitantes insistiam em chamá-la Arbat. A rua não quis obedecer aos planos das autoridades da capital também no fim do século passado, – diz a chefe do departamento de exposições científicas do Museu da Cidade de Moscou, Irina Karpachova.
"Em 1980 foi decidido transformar a rua Arbat numa zona pedestre peculiar – uma espécie de "parque nacional" a céu aberto. A rua devia ser calma e tranquila. Mas o resultado foi contrario, pois ela foi invadida imediatamente por uma multidão alegre de pintores e turistas, animação que permanece até hoje. É absolutamente impossível ensinar a rua Arbat a viver de acordo com um decreto ou uma prescrição. É uma rua que escolhe em todas as épocas uma vida muito sua. Nisso consiste a sua unicidade absoluta tanto no plano histórico, como no plano da atualidade."
"Oh, Arbat, minha rua Arbat!", - os que percorrem a rua hoje repetem as palavras do famoso poeta e cantor Bulat Okudzhava, que escreveu uma canção muito conhecida sobre este canto da capital. Com efeito, nesta rua há muita coisa que não pode deixar de causar admiração. Não foi por acaso que o maior poeta russo, Alexander Pushkin, alugou em 1831 um apartamento precisamente na rua Arbat. Foi aí que ele se estabeleceu depois de desposar Natalia Goncharova, a jovem mais bela de Moscou, – diz a dirigente do serviço de imprensa do Museu Estatal Pushkin, Veronica Kirsanova.
"No segundo andar deste palacete está situado, digamos, um centro memorial. São apartamentos que o poeta tinha alugado e que o recordam. Neste espaço estão exclusivamente os objetos que pertenciam a Pushkin, à sua esposa e aos seus filhos."
Uma outra filial do museu Pushkin na rua Arbat é o apartamento do famoso poeta russo Andrei Beli. Foi aí que ele nasceu e viveu 24 anos. Nesta rua famosa está também situado o museu do grande compositor russo Alexander Skryabin. Aliás, mesmo hoje na rua Arbat vivem muitas pessoas conhecidas em todo o país. Um dos habitantes desta rua é o ator popular da Rússia Mikhail Derzhavin, que goza de prestígio indiscutível entre os seus moradores mais antigos.
"Recordo muito bem a infância na minha casa. Vinham lá pessoas magníficas, as pessoas mais famosas daquela época. Eram músicos, pintores e, como é natural, atores do teatro Vakhtangov – todos eles viviam nesta casa. Por isso, a rua Arbat tornou-se uma parte de toda a minha vida, para mim este é um local sagrado."
Nestes dias festivos, a rua mais antiga de Moscou será dividida em cinco zonas, cada uma das quais vai mostrar um determinado momento histórico. Nos limites de cada uma destas zonas serão instalados os chamados "postes jubilares", isto é, limites simbólicos de diversos períodos históricos. Nestas "fronteiras" irão montar guarda grupos de "strelets", isto é, soldados da época de Ivan, o Terrível, de granadeiros, de hussardos e de cadetes.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_10_10/pena-que-nao-existe-mais-aquela-nuvem-4548/
Mais:
Veteranos russos da II Guerra Mundial são os primeiros a assistir “Stalingrado”(2013)