segunda-feira, 22 de julho de 2013

Batalha de Kursk através dos olhos de quem presenciou a destruição

Tanque Elefantes destruído na batalha de Kursk
Há 70 anos, cidade na região de Prokhorovka foi palco da maior batalha de tanques da história mundial.

Paira o silêncio sobre o campo de Prokhorovka. Somente de tempos em tempos ouve-se o repicar dos sinos, chamando os paroquianos para o serviço religioso na Igreja dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, construída com recursos doados pelo povo, em memória dos soldados que morreram na Batalha de Kursk.

Há 70 anos, nesse local fervia um terrível combate. Na região de Prokhorovka se desenrolou a maior batalha de tanques da história mundial. Tudo o que poderia se inflamar estava queimando, tudo estava coberto de poeira e fumaça dos tanques, aldeias, florestas e campos de trigo que ardiam em chamas. A terra foi queimada a tal ponto que não restou um único fiapo de grama. Aqui a guarda soviética se encontrou frente a frente com a elite da Wehrmacht, as divisões de tanques da SS.

A batalha de Kursk também leva o nome de Batalha no Arco de Kursk. Esse nome é devido à forma arqueada da frente de batalha, constituída pelas tropas soviéticas (ver mapa da batalha). Os combates na face sul do arco de Kursk começaram, praticamente, ainda no dia 4 de julho. Mas os principais eventos ocorreram na madrugada de 5 de julho, quando os alemães lançaram o primeiro ataque maciço com as suas conexões de tanques.

Na manhã de 5 de julho, o comandante da divisão “Adolf Hitler”, o Obergruppenführer, Josef Dietrich, se aproximou dos seus "Tigres", e um dos oficiais gritou para ele: "Vamos almoçar em Kursk!". Mas os integrantes da SS não conseguiram nem almoçar nem jantar em Kursk. Em 12 de julho, às 8h30, os batalhões de assalto soviéticos iniciaram um contra-ataque, opondo-se às tropas do 4º exército de tanques alemão.

Para revidar os ataques das tropas soviéticas, o comandante alemão Erich von Manstein lançou todas as forças disponíveis, porque entendia perfeitamente que o sucesso do avanço das tropas soviéticas poderia levar à completa derrota de todos os batalhões de assalto do grupo “Sul” dos exércitos alemães. Na enorme frente, com uma extensão total de mais de 200 km de comprimento, eclodiu uma luta feroz.

Os mais ferozes combates durante o dia 12 de julho estavam sendo realizados na assim chamada ponte (área de estágio tático) de Prokhorovka. Essa área foi conquistada pelo adversário em uma luta tensa ao longo do dia 11 de julho. Ali se estabeleceu e começou a agir o principal grupo das forças inimigas, que integrava a 2ª Divisão de blindados da SS. Foi sobre essa força que o comando soviético lançou o seu ataque principal.

"Poucos minutos depois, os tanques do primeiro escalão das nossas 29ª e 18ª Divisões, atirando em movimento, com um impacto frontal, penetraram nas disposições militares das tropas alemãs-fascistas e com um rápido e lancinante ataque, literalmente perfuraram as disposições do inimigo. […] Os seus "Tigres" e "Panteras" foram privados da supremacia do seu poder de fogo, no combate de curta distância. No início da ofensiva, eles se aproveitaram dessa supremacia durante o confronto com as nossas outras conexões de tanques e agora estavam sendo derrotados com êxito pelos tanques T-34 soviéticos e até mesmo pelos (leves – N. do E.) T-70, a distâncias curtas. O campo de batalha era um turbilhão de fumaça e pó, a terra tremia devido às explosões poderosas. Os tanques colidiam uns com os outros e ficavam enroscados sem conseguir se separar, então lutavam até a morte até que um deles se inflamava como uma tocha ou parava com as lagartas destruídas. Mas mesmo os tanques abatidos, se as suas armas estivessem em condição de operar, continuavam a disparar”.
Pável Rotmistrov, comandante militar soviético

“O primeiro tanque, eu abati quando estava me movimentando pela estrada de ferro, ao longo da área de desembarque e, literalmente, a uma distância de cem metros, vi um tanque “Tigre” que estava virado de lado para mim, disparando em nossos. Pelo visto ele tinha atingido vários tanques nossos, pois eles estavam indo de lado para cima dele e ele disparava nas laterais das nossas máquinas. Eu mirei um projétil perfurante e disparei. O tanque pegou fogo. Eu disparei mais uma vez e o tanque se inflamou ainda mais. A tripulação saltou para fora, mas não sei bem porque, eu não estava interessado nela. Eu contornei esse tanque e, em seguida, abati um tanque T-III e um tanque "Pantera". Sabe, quando eu abati o tanque "Pantera", experimentei uma sensação de euforia, pois, vejam só, consegui realizar um feito heroico".
Evguêni Chkurdalov, ex-oficial soviético

"De repente um T-34 irrompeu e dirigiu-se diretamente para nós. O nosso primeiro operador de rádio começou a me passar os projéteis, um a um, para que eu os colocasse no canhão. Enquanto isso, o nosso comandante que estava no compartimento de cima, não parava de gritar: ‘Atirem! Atirem!’, porque um tanque se aproximava cada vez mais. E somente após o quarto ‘Atirem’, eu ouvi ele dizer: ‘Graças a Deus!’. Então, depois de algum tempo, verificamos que o T-34 parou apenas a oito metros de distância de nós! No topo de sua torre, como se tivessem sido carimbados, havia orifícios de 5 centímetros [...]. As disposições militares dos dois lados se misturaram. “Os nossos tanquistas atingiam com êxito o inimigo, de distâncias próximas, mas também sofriam pesadas perdas”.
Wilhelm Rees, ex-oficial alemão da divisão “Adolf Hitler”

"O tanque T-34 do Comandante do 2º Batalhão da 181ª brigada da 18ª divisão, Capitão Skripkin, penetrou a formação de ”Tigres” e abateu dois tanques inimigos, antes que um projétil de 88 mm atingisse a torre do seu T-34 e outro perfurasse a sua blindagem lateral. O tanque soviético pegou fogo, e Skripkin, ferido, foi retirado do tanque destroçado pelo condutor, sargento Nikolaev e pelo operador de rádio, sargento Zirianov. Eles se refugiaram na cratera aberta pela bomba, mas ainda assim um dos "Tigres" os descobriu e partiu para cima deles. Então Nikolaev e seu artilheiro Tchernov saltaram novamente para o tanque em chamas, deram a partida e o orientaram diretamente para o "Tigre". Os dois tanques explodiram com o impacto”.

Infográfico
Extraído dos documentos do Arquivo Central do Ministério da Defesa da Federação Russa

O ataque com os blindados soviéticos, tanques novos com um conjunto completo de munição abalou significativamente as divisões do inimigo, já desgastadas pelas batalhas, e a ofensiva alemã malogrou.

Como resultado do contra-ataque das principais forças Soviéticas da 5ª guarda do exército de tanques, a sudoeste de Prokhorovka foi frustrada a ofensiva sobre o nordeste, das divisões de tanques da SS, “Cabeça Morta” e "Adolf Hitler". Essas divisões sofreram tamanhas perdas, que não puderam mais implementar uma ofensiva consistente.

As unidades da divisão de tanques da SS, “Reich”, também sofreram pesadas baixas devido aos ataques de unidades. Corpos da guarda de tanques que passaram a contra-atacar ao sul de Prokhorovka.

Perdas e resultados

As perdas totais dos dois lados do confronto de tanques nas proximidades de Prokhorovka estão avaliadas da seguinte maneira: do lado soviético se perderam 500 tanques e do lado alemão, 300 tanques e canhões autopropulsados.

É claro que o grupo "Sul" do exército alemão sofreu as piores perdas nos primeiros sete dias de combates, antes mesmo da batalha nas proximidades de Prokhorovka.

Mas o significado básico da batalha de Prokhorovka consiste no fato de que os soldados soviéticos deram um duríssimo golpe e conseguiram parar as divisões de tanques da SS que avançavam em direção à Kursk. Isso minou o espírito de combate da elite das tropas blindadas alemãs, e depois disso, elas definitivamente perderam fé na vitória das armas alemãs.

Fonte: http://gazetarussa.com.br/arte/2013/07/12/batalha_de_kursk_atraves_dos_olhos_de_quem_presenciou_tudo_20401.html
Link da imagem: Gazeta Russa

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Cortado de Parada Gay por tatuagens, DJ nega vínculo com nazismo

DJ tocaria na Parada Gay de Santo André, mas foi cortado do evento. Caso foi encaminhado à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância

O DJ Enrico Valveson Jorge, conhecido como DJ Enrico Tank, que tocou no último domingo na 17ª Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), na avenida Paulista, em São Paulo, foi cortado da parada que será realizada no próximo dia 23 em Santo André, no ABC paulista, por conta de tatuagens supostamente relacionadas ao nazismo e ao fascismo. 

Denunciado por um grupo de skinheads anti-intolerância denominado Rash-SP, Enrico possui ao menos 12 tatuagens que, de acordo com o grupo, têm ligação com movimentos neonazistas e fascistas. 

Símbolos como a bandeira confederada americana - utilizada por grupos racistas do sul dos Estados Unidos -, a Cruz Celta, uma cruz de ferro, marcas de bandas ligadas a movimentos neonazistas e a imagem do ditador fascista italiano Benito Mussolini podem ser vistas em imagens disponibilizadas pelo grupo e até mesmo no site do DJ. 

Após saber das tatuagens do DJ, a organização da Parada Gay de Santo André decidiu cortar Enrico do evento, por entender que a polêmica pode trazer prejuízos à parada. Segundo Marcelo Gil, da ONG ABCD''S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), que organiza a parada na cidade, o DJ tocaria voluntariamente e possui histórico por participar de festas voltadas ao público gay. 

Segundo ele, o caso foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e para a Secretaria da Justiça. “Tiramos de nossa página e dos nossos materiais de divulgação o nome dele”, afirmou. De acordo com Marcelo, a atitude foi tomada para resguardar tanto a parada quanto Enrico. 

Em nota, o DJ negou que as tatuagens tenham cunho nazista ou fascista, e afirmou que o artigo que o acusa “é ofensivo, falso e preconceituoso”. “As afirmações postadas no referido blog são inverídicas, pois além de não citar nenhuma fonte de informação acerca dos significados das tatuagens, apenas limitam-se a apresentar versões próprias e distorcidas dos fatos”, afirmou Enrico. 

Segundo sua assessoria, o DJ posou nu para a publicação G Magazine, direcionada ao público LGBT, em 2002. “Se realmente fossem verídicas as acusações fantasiosas contra a sua pessoa, o DJ jamais teria aceito o convite da revista, ainda mais para expor-se despido”, alega. 

Na mesma nota, o DJ esclarece as tatuagens e afirma que muitos dos símbolos foram feitos por conta de seu gosto pela “temática de guerra”. Segundo ele,  a face de um soldado, que se assemelha ao ditador fascista italiano “não é a do ditador italiano Mussolini, e sim a de um combatente desconhecido”. 

Segundo sua assessoria, a tatuagem da bandeira confederada foi feita por conta da paixão do DJ pelo estilo musical country rock, a Cruz Celta representa o contato e identificação dele com o povo celta, e a cruz de ferro “significa condecoração aos heróis de guerra, não possuindo nenhum significado nazista”, entre outras explicações para as 12 tatuagens destacadas pelo grupo anti-intolerância. 

A organização da Parada Gay em São Paulo afirmou desconhecer o DJ e que o carro em que ele tocou no domingo, o sétimo dos 17 que trouxeram apresentações, era de responsabilidade de Marcelo Gil, que organiza a parada em Santo André. Ainda não há uma definição sobre o assunto. Uma reunião está agendada para amanhã e este deve ser um dos temas a ser discutido. 




A matéria publicada no mês passado (4 de junho de 2013) apresenta um personagem peculiar, conhecido pelo nome artístico DJ Enrico Tank, que já ganhou notoriedade devido às suas tatuagens incomuns. No entanto, vale ressaltar que este artigo tem a intenção de informar sobre a existência desse DJ, que é uma figura bastante caricata. Para aqueles que não estão familiarizados com ele, Enrico Tank é conhecido há algum tempo por suas tatuagens, que têm temas controversos.

Ele é um DJ que faz parte do cenário da música eletrônica, e o artigo menciona que seu público é diversificado, incluindo a comunidade LGBT. Segundo o próprio DJ, ele reconhece o carinho, respeito e apoio que recebe desse público. No entanto, a matéria também menciona algumas das tatuagens presentes em seu corpo, que levantam questões sobre sua afiliação com ideologias neonazistas e fascistas. Algumas dessas tatuagens incluem símbolos associados a movimentos extremistas, como W.A.R.(Resistência branca ariana), Combat 18 (caveira das SS com o numero 18 - A=1 e H=8 no alfabeto, sinalizando Adolf Hitler - organização terrorista neonazista), 88, a runa Odal,  Blood and Honour (organização neonazista), símbolo da banda neonazista Skrewdriver, white power e outras.

Na matéria no site dino, tem uma frase interessante:

Em entrevista realizada a uma grande revista internacional Enrico afirmou: “Sou hetero mais o meu público, o público que me consagrou, fez de mim um dos melhores DJs da Europa, que reconheceu o meu trabalho com amor, respeito e seriedade foi o publico GLS, então cada set que faço é com o mesmo sentimento, amo e admiro o publico GLS”, concluiu o DJ.

É preocupante o fato de um DJ com essas tatuagens ter uma presença tão diversificada em sua audiência, incluindo a comunidade LGBT. Há uma necessidade das pessoas estudarem mais história para compreender as implicações por trás desses símbolos e tatuagens.

Em resumo, é bizarro a notoriedade de DJ Enrico Tank, cujas tatuagens apresentam temas controversos e associados a movimentos extremistas, ao mesmo tempo em que ele afirma ter apreço pelo público LGBT. O autor destaca a importância do conhecimento histórico para entender essas questões.