quarta-feira, 27 de julho de 2011

A captura do general Vlasov (Exercito de Liberação Russa - POA)

Coloquei abaixo um trecho da obra de Beevor, assunto esse que muitíssimo me interessa, sobre a luta de povos colaboracionistas, entre eles os russos (e consequentemente as altas traições), e que infelizmente (como sempre) carece de assunto em língua portuguesa, sendo necessário a buscar fontes em outras línguas (uma dificuldade para aqueles que não tem domínio de outro idioma) . 

O relato abaixo é sobre a captura do general Andrey Vlasov,  general russo que comandava o POA - Exercito de Libertação Russa (POA vem do cirílico Русская освободительная армия  - Outra sigla, do russo: ROA Russkaya osvoboditel'naya armiya). Mais comumente chamado de Exercito de Vlasov.


Gen. Vlasov e soldados do POA
A 1ª Frente Ucraniana de Konev recebera  ordens de infletir para o sul e tomar Praga. Ali, a resistência tcheca, ajudada pelos soldados do general Vlasov, numa virada condenada ao fracasso, levantou-se em revolta  contra as tropas do marechal-do-campo Schörner. Churchill pedira aos americanos, em 30 de abril, que mandassem o Terceiro Exercito do general Patton para garantir a cidade antes que o Exercito Vermelho ali chegasse, mas o general Marshall recusara. Viena, Berlim e Praga estavam todas caindo em mãos soviéticas e toda a Europa Central com elas. As autoridades da ocupação soviética da Áustria tinham criado um governo provisório sem consultar os aliados. Breslau, capital da Silésia, rendeu-se em 6 de maio depois de um sitio pavoroso que durou quase três meses.

O próprio Vlasov rejeitara inicialmente a idéia de trair os alemães na undécima hora, mas não tinha escapatória, fizesse o que fizesse. "Em 12 de maio de 1945, perto da cidade de Pilsen, na Tchecoslováquia", relatou o chefe do departamento político da 1ª Frente Ucraniana, "tanquistas do 25º Corpo Blindado capturaram o traidor da pátria general Vlasov. As circunstâncias foram as seguintes: um dos tenentes-coronéis do 25° Corpo Blindado foi abordado por um homem do exército de Vlasov, com o posto de capitão, que afirmou, apontando para um carro que vinha sozinho pela estrada que ia para oeste, que o general Vlasov estava no carro. Uma perseguição foi organizada imediatamente e os tanquistas do 25° Corpo Blindado pegaram o traidor." Disseram que Vlasov, que aparentemente tentara esconder-se sob alguns cobertores, foi encontrado levando um "passaporte americano em seu nome" (item que pode ter sido acrescentado à lista por razões de propaganda antiocidental), "seu cartão do partido, que preservara, e urna cópia de suas ordens às tropas de parar de lutar, depor as armas e render-se ao Exército Vermelho". O próprio Vlasov foi mandado de avião do quartel-general de Konev para Moscou. Lá, fizeram-se mais tarde bravatas sobre sua morte sob tortura terrível e prolongada. Em 13 e 14 de maio, 20.000 de seus homens foram recolhidos na região de Pilsen e enviados para campos especialmente preparados para serem interrogados pela SMERSH.

Transcrição: Daniel Moratori (avidanofront.blogspot.com)
Fonte: BEEVOR, Antony - Berlim 1945: A queda. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 492

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Túmulo de Rudolf Hess é destruído para pôr fim à peregrinação neonazista

Esta foto de 1938 mostra o chanceler alemão, Adolf Hitler
e seu representante pessoal Rudolf Hess durante um desfile em Berlim.
O túmulo de Rudolf Hess em Wunsiedel, no sul da Alemanha, foi destruído depois de os restos mortais do líder nazista terem sido exumados, confirmaram nesta quinta-feira (21/07) representantes da igreja evangélica local. A informação havia sido publicada pelo jornal Süddeutsche Zeitung.

Os restos mortais de Hess, que na condição de representante de Hitler foi o número dois na hierarquia nazista, foram exumados no início da manhã desta quarta-feira. Eles foram incinerados logo em seguida e serão lançados ao mar, atendendo a pedido dos descendentes do líder nazista.

A comunidade evangélica de Wunsiedel decidiu negar à família a prorrogação do arrendamento do túmulo, vencido desde 2007. A neta de Hess chegou a entrar na Justiça contra a decisão, mas acabou cedendo e concordando com a remoção da sepultura.

O túmulo de Hess foi durante mais de duas décadas local de peregrinação de grupos neonazistas. Com a remoção da sepultura, a comunidade espera que as marchas neonazistas na cidade tenham fim.

Condenado em Nurembergue

Hess foi condenado à prisão perpétua nos Julgamentos de Nurembergue, ao final da Segunda Guerra Mundial. Ele cometeu suicídio em 17 de agosto de 1987 na sua cela na prisão berlinense de Spandau, aos 93 anos.

Os restos mortais foram sepultados em Wunsiedel, atendendo a desejo do próprio Hess. Desde então, o túmulo se converteu em local de peregrinação para a extrema direita alemã. Principalmente nos dias 17 de agosto, quando centenas de neonazistas se dirigiam à pequena cidade de 10 mil habitantes. Na cena neonazista alemã, Hess era considerado um mártir.

Nos últimos anos, os desfiles neonazistas em Wunsiedel tinham sido sistematicamente proibidos pelas autoridades, mas a extrema direita obtinha a autorização nos tribunais, invocando o direito à liberdade de manifestação, constitucionalmente protegido. Os tribunais alemães impunham como condição, no entanto, que não houvesse quaisquer referências a Hess.

Novidade sobre o livro Glória ao Esquecimento


O Palácio das Águias esteve em festa, na noite de sexta-feira, 15 de Abril, com o lançamento do livro “Da Glória ao Esquecimento: os socorrenses na Segunda Guerra Mundial – resgatando a memória da cidade”, escrito pelo historiador Derek Destito Vertino. 

Com a presença de dezenas de amigos, dos pais Clara e Cido, e parentes dos pracinhas socorrenses, a noite de autógrafos teve início com as palavras do autor, que fez uma rápida explicação dos motivos que o levaram a escrever o livro. 

O primeiro objetivo de sua pesquisa histórica, foi o de levantar um monumento aos heróis socorrenses, a exemplo do que existe em outras cidades da região. Esbarrou com uma série de dificuldades, entre elas a falta de dados, fotos e documentos da época, as quais perderam-se com a grande enchente de 1970. Da memória dos pracinhas, seus descendentes também não tinham muito a contar. Os jornais locais devem ter falado dessa epopéia dos socorrenses, também rodaram com as águas da enchente. 

“Como o monumento era uma incerteza, a curto prazo, há dois anos comecei a pesquisa sobre a participação do Brasil na II Guerra Mundial e, em especial, da participação dos socorrenses, para escrever o livro que resgata um pouquinho da História”, disse Derek que, agora, aguarda o cumprimento do compromisso da prefeita Marisa, em levantar o Monumento aos Pracinhas, conforme o acordo feito com ele e descendentes dos soldados. 


No vídeo que passou, em seguida, feito por alunos da Universidade Anhembi Morumbi, com depoimento de expedicionários que participaram a guerra, ficou bem clara a vontade da ditadura Vargas em colocar esse episódio no esquecimento. Depois da tomada de pontos estratégicos na Itália, com a rendição de soldados inimigos, a FEB – Força Expedicionária Brasileira, foi destituída e seus soldados dispensados, antes mesmo de voltarem ao Brasil. 

E mesmo recebidos com festas, em seus municípios, não receberam nenhuma ajuda governamental durante anos. Nossos pracinhas foram esquecidos, pois a ditadura de Getúlio Vargas, não interessava ressaltar feitos heróicos realizados em nome da democracia. 

Após a apresentação do vídeo, as viúvas dos veteranos receberam botões de rosas. A filha de Thomas Marcelino Borim, Neusenice, ficou muito emocionada ao agradecer, em nome dos demais parentes, pelo trabalho desenvolvido por Derek, em seu livro: 

“Meu pai sempre dizia não entender o porquê desse esquecimento por parte das autoridades, de um feito tão importante de nossa História. Ele sempre participava de eventos em outras cidades, feitos em homenagens aos pracinhas. Para nós, esse é um momento muito importante e tenho certeza que meu pai está feliz, com esse resgate da história. Muito Obrigada!”, disse ela. 

Em seguida foi servido um coquetel aos convidados, enquanto Derek autografava os livros, para os amigos que formaram uma longa fila para adquirir um exemplar. O autor agradece a fotos os que compareceram ao evento e aos patrocinadores do livro. 

E com a internet, o livro chegou aos Estados do Paraná, MINAS GERAIS, Rio de Janeiro, interior de São Paulo, Brasília, Rio Grande do Norte, Alagoas, Belém do Pará e em outros países, também na comunidade brasileira em Angola e Alemanha. 

Quem não compareceu e quer conhecer um pouco dessa parte da II Guerra Mundial, da participação da FEB e dos pracinhas socorrenses, o livro está sendo vendido por R$17 no Mercado Livre: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-188032679-da-gloria-ao-esquecimento-os-socorrenses-na-segunda-guerra-_JM ou por outros contatos: derekdvertino@gmail.com / derekdvertino@hotmail.com / (19) 8126 9182 e (19) 8170 9858. 

Colaboradores: Derek Destito Vertino e Maria Tereza Ferraz 

Fotos: Maria Tereza Ferraz do Carmo e Isabela Fernandes Rosa

O livro, alem de tudo, impulsionou certas atitudes em relação a lembrança aos soldados que foram esquecidos. Devido a certas palestras ministradas em escolas, um publico jovem já tem a noção do que antigos cidadãos da cidade lutaram para combater o nazismo. Segue abaixo algumas fotos de noticias e documentos que não poderiam faltar nessa postagem. É só clicar na imagem para melhor visualização:

 


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Regulamento dos campos de concentração

Chegada dos presos políticos no campo de concentração de Oranienburg. Oranienburg, Alemanha, 1933.

Uma caixa pescada no lago Toplitz pelo governo austríaco continha vários resumos de matrículas referentes ao campo de Oranienburg, e diferentes notas ou circulares da administração interna. Em meio a esses papéis, um documento surpreendente de se ler: o Regulamento do campo de concentração, datado de 6 de novembro de 1942.


Quando se sabe que todos os "regulamentos" foram queimados nas horas que precederam a libertação dos campos, que todos eles eram calcados em um modelo único preparado pelos assessores de Heinrich Himmler, contendo somente a sua assinatura, e que, enfim o modelo original "inaugurado" em Oranienburg em 1933 sempre foi imposto a todos os comandantes de campos, esse exemplar pescado em Toplitz sublinha a gigantesca defasagem que existia entre a ficção da direção central e a realidade cotidiana nos campos. Um regulamento semelhante ao que se vai ler (provavelmente com codicilos próprios de Mauthausen) estava afixado no vestíbulo do comandante Ziereis. 


I. PARTE GERAL 

Os detentos dos campos de concentração, sem distinção de idade, origem e classe, estão colocados em uma situação subalterna e são obrigados a obedecer, imediatamente e sem discussão, às ordens de seus superiores. Tratando-se de detentos, são também superiores os agentes de escolta das empresas SS (reconhecíveis por suas braçadeiras vermelhas), bem como os detentos encarregados de manter a ordem no campo, reconhecíveis por sua braçadeira especial. Os detentos rebeldes, refratários às instruções recebidas e que, de uma maneira qualquer, põem em perigo e perturbam o silêncio e a ordem no campo, serão punidos em virtude do regulamento disciplinar, de acordo com a gravidade do delito. 

O campo de concentração é um estabelecimento de correção de um gênero todo particular. Boa conduta, assiduidade ao trabalho, constância na realização do dever e modo de pensar conformista são as condições preliminares para a libertação. O campo é mantido sob um regime essencialmente militar. 

O uniforme deve estar sempre limpo, arrumado e abotoado. É proibido ficar com as mãos nos bolsos, levantar a gola, escarrar, bem como jogar no chão papel, embalagens de cigarros e fósforos. 

Ficam proibidos: as conversas políticas, a invenção ou propagação de boatos, bem como os jogos de cartas e de dados e qualquer jogo de azar em geral. 

É proibido comerciar o que quer que seja, trocar ou emprestar dinheiro. 

Os objetos de valor, tais como relógios de pulso, anéis, canetas-tinteiro, etc, devem ser entregues à rouparia. 

O espírito de camaradagem é um dever. 


II. OS SUPERIORES 

Cada membro da SS é um superior. Deverá ser chamado de Herr Kommandant, Herr Lagerführer, Herr Rapportführer, Herr Arbeitsdienstführer, Herr Blockführer. 

Ao se aproximar um superior, prontamente seu chapéu deverá ser retirado, seis passos antes, o detento passará adotando uma postura estritamente militar, com os olhos voltados para a frente, e recolocará o chapéu seis passos depois. 

Quando um detento for chamado, deverá gritar: "Presente", parar a seis passos do superior e responder com voz alta e inteligível. Para se retirar, dará uma meia-volta impecável e voltará correndo ao seu lugar. Quando um membro da SS entrar em um barracão, gritará: Em seus lugares, fixos e cada detento se colocará em posição de sentido, com o olhar fixado no superior.

 Quando um detento entrar em um escritório, deverá anunciar em voz alta Peço permissão para entrar. É proibido dirigir a palavra a um superior sem ordem. Cada pedido de audiência a um superior será transmitido por intermédio do Blockälteste (chefe de Block). São considerados superiores os contramestres, os chefes de mesa, de quarto, de Block e de campo. 

No trabalho, os detentos só cumprimentam em determinadas circunstâncias por ordem do vigilante SS.

Em caso de motim, de ataque violento ou de evasão de de-tentos, os vigilantes e sentinelas farão uso de suas armas. Em caso de ataques violentos, atirar-se-á imediatamente e sem intimação. Sobre fugitivos, atirar-se-á após intimação.

É proibido fumar dentro dos barracões e nos locais em que haja risco de incêndio. 
A ingestão de álcool é proibida aos detentos. 


III. ZONA NEUTRA E ÁREA DE VIGILÂNCIA 

O campo será rodeado por uma cerca de arame percorrida dia e noite por uma corrente elétrica de alta tensão. Isto representa um perigo de morte! A cerca será precedida por uma "zona neutra". Quem nela penetrar estará exposto a fuzilamento sem intimação. O local de trabalho será cercado por uma linha de sentinelas. É proibido transpô-Ia sob risco de ser fuzilado após intimação. 


IV. CHAMADA 

Cada detento é obrigado a assistir sem falta e sob quaisquer circunstâncias à chamada nominal. Assim que tocar o sino, cada qual deverá se apresentar correndo na praça de chamada, no local reservado para seu Block, alinhar-se-á e permanecerá em posição de sentido. Nas filas, é proibido falar ou voltar-se. 

Nota: a página nº 3 não constava do maço pescado no lago Toplitz (portanto, estão faltando no regulamento os pontos 5, 6 e 7). 


VIII. KOMMANDOS DE TRABALHO 

Cada detento será designado para um Kommando de trabalho. É proibido mudar de Kommando por iniciativa própria. Cada um deverá efetuar conscienciosamente e da melhor maneira possível o trabalho de que estiver encarregado. Aquele que, sem autorização, deixar seu posto, será acusado de evasão e severamente punido. Não é permitido entrar nos barracões SS ocupados. É estritamente proibido entrar em contato com civis. Quando, após a chamada nominal, for dada ordem de se apresentar ao Kommando de trabalho, cada um deverá apressar-se, sem barulho e sem falar, para juntar-se àquele de que fizer parte, incorporando-se ao grupo e formando fila. A partida será executada em passo cadenciado. À ordem: Descubram-se, todo o Kommando retira os bonés, segura-os com a mão direita sem dobrá-los e permanece com as mãos fixas ao longo da costura da calça, a cabeça alta, o olhar fixo diante de si, alinhado na fila seguindo o homem da frente. O mesmo processo se aplica quando do retorno do trabalho. 


IX. CONSERVAÇÃO DOS ARMÁRIOS 

A prateleira superior é destinada às cartas, à escova de dentes, ao material de barba, ao tabaco, etc. Na prateleira inferior ficarão a gamela (limpa e emborcada) e por cima a marmita igualmente emborcada. Por trás e à direita, o pão e outros víveres. Colher e faca serão colocadas na ombreira da porta. Todos os objetos, bem como o próprio armário deverão estar sempre impecavelmente limpos. O casacão, cuidadosamente dobrado, com o número de matrícula nitidamente visível ao alto, será colocado no fundo do armário. Os sapatos deverão ser limpos todas as noites antes do primeiro toque da campainha a três passos do barracão, depois engraxados ligeiramente e colocados diante dos armários. As meias deverão ser colocadas sobre o cano dos sapatos. É proibido levar meias para o dormitório. 


X. CORRESPONDÊNCIA 

A correspondência só será entregue ou expedida após ter sido censurada. Cada detento tem direito a receber e a escrever duas cartas ou cartões-postais por mês. A escrita deve ser legível e nítida. Uma carta anunciando a chegada ao campo poderá ser escrita imediatamente. Cada detento tem o dever de manter sua família informada. É-lhe proibido tratar de assuntos relativos ao campo, a doenças, a piolhos e de pedidos de licença. É-lhe igualmente proibido falar de dinheiro. A escrita deverá seguir as linhas. É proibido abreviar ou sublinhar. Somente serão autorizadas as informações de caráter pessoal. A correspondência deverá ser entregue em mãos ao Blockführer competente, aberta e munida de um selo levemente colado. O envio pelos detentos a seus familiares de encomendas ou pequenos embrulhos é proibido.

 Desde já, os detentos têm a possibilidade de receber de seus parentes encomendas de víveres. O número de encomendas que um detento pode receber é ilimitado. Todavia, no próprio dia da chegada da encomenda ou no máximo no dia seguinte, o detento deverá ter consumido seu conteúdo. Em caso de impossibilidade, os víveres serão divididos com outros detentos.

 Se um detento abusar do envio de encomendas fazendo passar mensagens secretas, ferramentas ou qualquer outro objeto proibido, será imediatamente punido com a pena capital. Quanto aos seus companheiros de barracão, ficam automaticamente proibidos de receber encomendas por um período de três meses. 


XI. ENVIO DE DINHEIRO 

Os detentos estão autorizados a receber ordens de pagamento de seus familiares. Seu montante será guardado pela administração financeira do campo em conta do detento em questão. A fim de permitir compras na cantina, cada titular de conta poderá dispor de 15 RM por semana, mas nenhuma compra poderá ser feita sem que o pagamento seja efetuado por meio de bônus. É estritamente proibido aos detentos possuir dinheiro líquido (inclusive moeda estrangeira) ou escondê-lo nos barracões ou em qualquer outro lugar. Qualquer delito deste gênero será severa-mente punido e o dinheiro encontrado será confiscado em prol do Banco do Reich. 


XII. COLETA 

São proibidas coletas de qualquer espécie, com exceção de donativos voluntários para assinatura de jornais. Estes donativos devem ser registrados numa lista trazendo o número da matrí-cula e o nome e indicação da soma, seguindo-se a assinatura do interessado. O desconto dos jornais será também assinado pelo chefe de pavilhão e pelos dois chefes de quarto. Os documentos justificativos deverão ser regularmente submetidos ao Blockführer. 


XIII. REQUERIMENTOS E RECLAMAÇÕES 

Cada detento está autorizado a apresentar requerimentos e reclamações por escrito. Eles serão recolhidos pelo Blockführer que será obrigado a transmiti-los. Quando uma reclamação se referir a um Blockführer, ela poderá ser diretamente submetida ao Lagerführer. As reclamações coletivas, consideradas como atos de rebelião, são estritamente proibidas. Os detentos que desejarem se apresentar na reunião do alto-comando, devem informar, por escrito, aos seus Blockführer. 


XIV. RECREAÇÃO 

Durante a recreação, os detentos podem ficar à vontade, nas salas de estar de seus barracões, lendo, escrevendo cartas ou participando de jogos de salão. Os jogos de azar e a dinheiro, de qualquer espécie, são proibidos. 

É proibido penetrar em outros barracões, encostar-se nos prédios, fazer barulho, assoviar, cantar e jogar fora dos bar-racões, atravessar a zona de isolamento demarcada por pedras brancas (em torno dos Blocks 11 e 12), permanecer na alameda perto do jardim, bem como entre as barracas de vestiário e penetrar no campo novo. 

É permitido circular pelo local deixado livre para este fim dentro do recinto do campo. As reuniões e passeios de mais de três pessoas são proibidos. 

O rádio e a biblioteca do campo estão a serviço do estudo e das distrações. É permitido, com a prévia autorização do coman-dante do campo, receber jornais nacionais-socialistas. 


XV. USO DO TABACO 

É proibido fumar dentro dos barracões durante as horas de trabalho, bem como no decorrer do período que vai do retorno noturno até a chamada. É igualmente proibido fumar durante meia hora depois do despertar. 


XVI. DECLARAÇÃO DE DOENÇA E BANHOS 

Os detentos que estiverem doentes deverão se apresentar ao Blockführer. Um detento que se subtrair com premeditação ou intencionalmente ao tratamento, será punido, da mesma forma que aquele que simular uma doença. O tratamento na enfer-maria só poderá ser realizado antes e depois das horas de trabalho. O Blockführer divulgará as horas de consulta. Cada de-tento está obrigado a tomar parte dos banhos. A ida e a volta serão feitas em filas de cinco. 


XVII. INOBSERVÂNCIA DO REGULAMENTO 

Qualquer delito contra o regulamento do campo deve ser denunciado sem demora. Especialmente aquele que surpreender alguém preparando ou concordando com uma tentativa de evasão deve dar parte imediatamente, bem como de roubos, desvios fraudulentos, trapaças, contrabando de álcool, jogos de azar e atentado contra o artigo 175 do Código Penal alemão. 

Aquele que deixar de denunciar tais fatos sofrerá a mesma punição que o próprio delinqüente. 

Existe um caminho que leva à liberdade. Seus indicadores se chamam: 
obediência, assiduidade ao trabalho, honestidade, ordem, limpeza, sobriedade, preferência pela verdade, espírito de sacrifício e amor à pátria. 

Oranienburg, 8 de novembro de 1942.


Transcrição:  Daniel Moratori (avidanofront.blogspot.com)
Fonte: BERNADAC, Christian Bernadac.  Dias Sem Fim.Rio de Janeiro: Ed. Otto Pierren Editores, 1980. pg 269-275