domingo, 23 de maio de 2010

Andrei Vlasov e o Exército de Libertação Russo

A turbulenta história do general soviético Andrei Vlasov e do seu exército constitui, sem dúvida, um dos episódios mais estranhos e absurdos de todo o conflito.

No fim do verão de 1941, durante dois meses, Vlassov tinha defendido corajosamente a cidade de Kiev; depois, como comandante do XX Exército Soviético, tinha rechaçado as forças alemãs que avançavam sobre Moscovo, em Solnetchnogorsk e Volokolamsk. Tinha sido recompensado com condecorações, felicitações e o comando do Grupo de Exércitos do Volkhov.

Na alvorada de 21 de Março, Vlassov aterrou na bolsa do Volkhov e assumiu o comando da 17ª Divisão e oito brigadas (sendo uma blindada) que ocupavam as florestas entre Tchudovo e Liubane.

Com a chegada da primavera a neve fundiu e, tanto nos rios como nos pântanos, o gelo também começou a derreter. Nos blockhaus e nas trincheiras a água chegava até a barriga e nos bosques surgiram biliões de mosquitos. Os mesmos sítios onde alguns dias antes se comprimiam as colunas de trenós e esquiadores tinham-se agora transformado em cursos de água e pântanos cheios de bolhas. No meio deste inferno, estava fechado o general Vlassov com catorze divisões de atiradores, três divisões de cavalaria, sete brigadas de infantaria e uma brigada blindada: um exército enterrado nos pântanos.

Atirador de MG 36 na via florestal Erika


Vlassov era um general cheio de energia. Já no dia 27 de Março tinha atacado do oeste com as suas brigadas de choque siberianas e os seus blindados o ferrolho constituído pela via florestal Erika. É certo que conseguiram abrir uma brecha com 2 Km de largura, mas nada que permitisse a passagem dos reabastecimentos. No princípio de Maio foi coroado de êxito um contra-ataque alemão preparado pela 58ª D. I. Vlassov resolveu abrir uma brecha a todo o custo a fim de sair do inferno pantanoso do Volkhov.

Mas os seus regimentos estavam prisioneiros dos pântanos em degelo. O solo esponjoso das florestas e lamaçais fazia-lhe sentir a obrigação de não se afastar dos caminhos e das veredas. Ora, só havia uma única via possível: o caminho de toros de madeira da via florestal Erika. No decorrer de duros combates nesses meses de primavera, a infantaria alemã manteve o ferrolho que era a via florestal Erika, garantindo no final de Maio de 1942 a vitória alemã no Volkhov.
 
KONR


O certo é que Vlassov é feito prisioneiro e encarcerado com a maioria dos seus homens, durante mais de dois anos, depois da aniquilação das suas tropas. No campo de concentração de Vinnitga pôs-se do lado dos germânicos. Mas só no Outono de 1944, quando Himmler autoriza o uso de tropas orientais nafrente do Leste, é que ele pode colaborar. Já se tinha fundado então o KONR - Comité de Libertação dos Povos da Rússia - e cria-se uma força militar formada por duas divisões sob comando de Vlassov.
 
 
Porém, os problemas não eram apenas burocráticos, mas também políliticos, dentro do próprio KONR. Assim, o contigente só estará pronto para a luta em meados do mês de Janeiro de 1945, já com o fim do Reich à vista.

No mesmo mês, Vlassov assume oficialmente o comando de seu "exército", e em Fevereiro, o OKW mobiliza várias companhias anticarro da 1ª Divisão de Vlassov para a frente do Oder, o que provoca os primeiros problemas. Buniachenko, segundo-comandante de Vlassov, recusa-se: " Eles não querem lutar contra os seus antigos camaradas, mas sim contra os norte-americanos".

A acção é realizada por elementos de um batalhão autónomo de Stettin, sob o comando de um ajudante de Vlassov, o coronel Sackarov.

Em dois de Março, Hitler - contrário à utilização dos "russos renegados" - autoriza oficialmente a utilização da Divisão de Vlassov, e ordena-lhes que se posicionem a Leste de Berlim para suster o avanço soviético, ao que se recusa de novo Buniachenko sem autorização de Vlassov. Finalmente, a 600ª Divisão Panzer de Musingen ocupa a posição.
 

Estacionada na frente do Oder durante a segunda semana de Abril, realizam um contra-ataque que fracassa, e Buniachenko retira-se sem ordens para o fazer. Esta retirada de tropas não autorizada leva a que seja considerado "em situação de rebeldia". Em 23 de Abril alcançam Dresden - completamente arrasada - e continuam a caminho da Checoslováquia, ocupando posições a cinquenta quilómetros de Praga.

Por seu turno, a outra divisão de Vlassov - 605ª Divisão de Panzergrenadier de Heuberg - instala-se na Boémia Meridional. Depois da inssureição de Praga, unidades da 600ª Divisão juntam-se aos rebeldes. A 5 de Maio, com o general Buniachenko na frente, toma contacto com 605ª, e junto com Vlassov rendem-se aos norte-americanos no dia 15 perto de Pilsen. Em 18 de Maio de 1945 são entregues aos russos em Schuslselburg.

No dia 12 de Agosto de 1946, o diário "Pravda" publicou a notícia da execução de Vlassov, Buniachenko e restantes oficiais acusados de "alta traição, espionagem e actividades terroristas". Desta maneira acabou a aventura de Vlassov e de todo um exército que escolheu, já no final, o lado do vencidos.



Fontes:
Paul Carrel " Operação Barbarossa" Bertrand Editora
D.N. "50 Anos Depois"

2 comentários:

  1. O ser humano é herói e tambem covarde;é a lei da polaridade !!!!!

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  2. Muitos soldados soviéticos foram feitos prisoneiros mas não lutaram contra seus compatriotas esse Vaslov foi um traidor pilantra e canalha. Por mais que a URSS fosse governada por um tirano , o que os nazistas e o seus grupos de extermínio ss fizeram foi um horror.......ele teve o fim que mereceu.

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