sábado, 1 de maio de 2010

Janusz Korczak,



Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit (Varsóvia, 22 de julho de 1878 ou 1879 — Treblinka, agosto de 1942) foi um pediatra, autor infantil e pedagogo judeu polonês.

Biografia

Korczak nasceu na capital da Polônia, numa família judia. Seu pai Józef Goldszmit morreu em 1896 (provavelmente suicídio), deixando a família sem nenhuma fonte de renda. Durante os anos seguintes, Korczak, ainda adolescente, passou a sustentar sua mãe, irmã e avó.
Em 1898, usou pela primeira vez o nome Janusz Korczak como pseudônimo para participar de um concurso literário. O nome foi inspirado no livro Janasz Korczak and the pretty Swordsweeperlady escrito por Józef Ignacy Kraszewski. Entre 1898–1904 Korczak estudou medicina em Varsóvia e também escreveu para alguns jornais da Polônia.
Graduado em pediatria, durante dois anos (1905-1906) serviu como médico do exército na Guerra Russo-japonesa. Durante esse período, seu livro Child of the Drawing Room se tornou conhecido nos meios literários. Depois da guerra continuou a trabalhar como médico em Varsóvia
Entre 1907–1908, Korczak deu continuidade a seus estudos em Berlin. Enquanto trabalhava para o Orphan's Society, em 1909, conheceu Stefania Wilczyńska. Em 1911–1912 se tornou diretor do Dom Sierot, um orfanato para crianças judias na capital polonesa. Wilczyńska se tornou próxima a ele nessa empreitada. No orfanato ele criou uma espécie de república das crianças, com um parlamento, tribunal e jornal próprios.
Em 1914 Korczak voltou a atuar como médico do exército com a patente de tenente durante a I Guerra Mundial. Escreveu um ensaio pedagógico no tempo que tinha livre. Em Kiev conheceu Maryna Falska, que depois se tornou sua ajudante em Varsóvia. Retornou à sua cidade natal quando a Polônia recuperou a independência em 1918.

O orfanato da Krochmalna, onde Korczak trabalhou

Depois da guerra, fundou um outro orfanato chamado Nasz dom (Nosso lar) e deu continuidade a seu trabalho no Dom Sierot. Durante a guerra entre a Polônia e a União Soviética serviu novamente como médico do exército. Nesse período, contraiu tifo e sua mãe morreu dessa doença.
Em 1926 permitiu às crianças do orfanato começarem seu próprio jornal, o Mały Przegląd, que acompanhava semanalmente o jornal judeu Nasz Przegląd.
Entre 1934–1936 Korczak viajou anualmente para a Palestina para visitar os kibbutzim. Isso aumentou os ataques anti-semitas contra ele. O que o levou a parar de trabalhar no órfanato não judeu em que atuava. Apesar disso, não quis se mudar para a Palestina mesmo quanto Wilczyńska foi em 1938.
Em 1939, com o início da II Guerra Mundial, Korczak tentou se alistar no exército polonês mas foi recusado por causa da sua idade. Ele testemunhou a chegada do Wehrmacht (nome do exército alemão durante a segunda grande guerra) à Varsóvia. Quando os nazistas criaram o gueto de Varsóvia em 1940, seu orfanato foi obrigado a se mudar para dentro do gueto. Korczak foi junto, por sua vontade, para não abandonar suas crianças.
No dia 5 de agosto (para alguns 6 de agosto) de 1942, soldados alemães levaram as cerca de 200 crianças que estavam no orfanato, aproximadamente 12 funcionários e Janusz Korczak para o campo de concentração de Treblinka. Não se tem claro o que aconteceu com Korczak após entrar no trem para Treblinka, o mais provável é que tenha morrido numa câmara de gás ao chegar no campo de concentração.

                                          "Janusz Korczak e a criança" em Yad Vashem
 

Um comentário:

  1. http://citadino.blogspot.com/2009/10/um-especialista-em-cremacao-de.html

    Jean-François Steiner descreve no seu livro o método empregue para fazer desaparecer os 800.000 ou mais cadáveres de Treblinka sem deixar rasto - (Steiner, Treblinka, editorial Gerhard Stalling Verlag, 1966, pág. 294 e seguintes):

    "Era loiro e magro, possuía uma fisionomia amável, actuava de forma despretensiosa e chegou numa manhã luzidia ao portão do reino da morte. Chamava-se Herbert Floss e era especialista em cremação de cadáveres..."

    "No dia seguinte construiu-se a primeira pira e Herbert Floss revelou o seu segredo: a composição da pira. Segundo explicou, nem todos os cadáveres se queimavam de maneira semelhante. Havia cadáveres bons e maus, incombustíveis e facilmente inflamáveis. A arte consistia em usar os bons para queimar os maus. Segundo as suas investigações – que obviamente eram muito avançadas – os cadáveres velhos ardiam melhor que os jovens, os gordos melhor que os fracos, as mulheres melhor do que os homens, e as crianças, não tão bem como as mulheres, mas melhor do que os homens. Donde resultava que os cadáveres de mulheres gordas eram os cadáveres ideais. Herbert Floss mandou separá-los a um lado assim como os dos homens e das crianças."

    "Depois de terem sido desenterrados e classificados quase 1.000 cadáveres, começou-se a empilhá-los, colocando os de melhor material combustível em baixo e os de menor qualidade acima. Floss rejeitou os bidões de gasolina que lhe ofereceram e em seu lugar mandou trazer madeira. O seu trabalho devia ser perfeito. A lenha foi colocada debaixo da grelha da pira formando pequenos focos, tipo fogachos. A hora da verdade tinha chegado. Com solenidade foi-lhe entregue uma caixa de fósforos; ele debruçou-se, acendeu o primeiro foco seguido dos outros e entretanto a madeira começava a queimar-se paulatinamente. Floss, com o seu caminhar tão estranho, aproximou-se dos oficiais que esperavam a uma certa distância."

    "As chamas cresciam mais e mais, lambendo os cadáveres, vacilando primeiro, mas depois lambendo com força. De repente, toda a pira ficou envolta em chamas que cresciam expulsando nuvens de fumo. Ouviu-se um crepitar intenso, os rostos dos mortos contraíam-se dolorosamente e a sua carne rebentava. Um espectáculo infernal. Por momentos, até os homens das SS ficaram como que petrificados, observando mudos o milagre. Herbert Floss estava radiante. A pira expelindo chamas era a experiência mais bonita da sua vida."

    "Um tal acontecimento devia festejar-se. Trouxeram-se mesas que foram colocadas em frente da fogueira e caixas de garrafas de aguardente, cerveja e vinho. O dia estava a chegar ao fim e o céu estrelado parecia reflectir as chamas altas da fogueira, para lá do horizonte, onde o sol se punha com o esplendor de um incêndio."

    "A um sinal de Lalka [o comandante do campo] saltaram as rolhas e começou uma festa fantástica. O primeiro brinde foi dedicado ao Führer. Os operários das escavadoras tinham regressado com as suas máquinas. Quando os homens das SS levantaram as taças aos gritos, as máquinas pareceram ganhar vida; com um movimento abrupto levantaram o braço de aço ao céu numa repentina e vibrante saudação hitleriana. Foi como um sinal. Dez vezes levantaram também os homens o braço fazendo ressoar de cada vez o «Sieg-Heil». As máquinas animadas respondiam às saudações dos homens-máquina e o ar retumbou de vivas ao Führer. A festa durou até que a fogueira se extinguiu. Depois dos brindes cantou-se; ouviram-se cantos selvagens e cruéis, cantos cheios de ódio, horripilantes, cantos em honra da Alemanha eterna."

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