segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Relato da execução em massa de judeus de Dubno

Sobreviventes do Holocausto se reúnem em uma vala comum, Dubno de 1945

Sir Hartley Shawcross, o Promotor-Geral inglês em Nuremberg, leu outro documentado que reproduzirmos textualmente.
Trata-se da declaração juramentada do engenheiro alemão Hermann Friedrich Gräbe, que trabalhou de janeiro de 1941 a janeiro de 1944 como gerente de uma sucursal da construtora Josef Jung Solinger, em Zdolbunow, na Ucrania polonesa. Uma das suas obrigações era visitar as obras que a empresa construía, entre elas  um conjunto de silos no antigo campo de aviação da aldeia de Dubno.

Quando a 5 de outubro de 1942 visitei nosso escritorio em Dubno - leu Sir Hartley Shawcross -  contou-me um dos empregados, Hubert Mönnikes ( de Hamburg-Haburg, Aussenmühlenweg 21), que perto do local onde estávamos construindo os silos tinham sido executados, em três grandes valas de uns trinta metros de comprimento e três de profundidade, os judeus de Dubno. Em média, foram executados 1500 pessoas por dia. Ao fim de tudo cerca de 5000 judeus residentes na aldeia tinham sido eliminados por este processo.

Inspecionei em seguida as obras, em companhia de Mönnikes, e por perto vi alguns montes de terra de uns trinta metros de comprimento por dois de largura. Defronte, vi caminhões dos quais uma milícia ucraniana, sob ordens de um SS, obrigava a descer homens e mulheres. Estes homens e mulheres levavam nas suas roupas um distintivo amarelo, o que imediatamente me fez reconhecer que eram judeus.

Mönnikes e eu nos aproximamos. Ninguém nos disse nada. Ouvimos várias descargas de fuzil soarem atrás de um dos montes. Os homens, mulheres e crianças que tinham chegado nos caminhões era obrigados a se despir e colocar à parte os seus ternos ou vestidos, peças intimas e sapatos. As ordens eram dadas por um oficial das SS que tinha na mão direita um chicote. Pelo que pude notar, devia haver entre oitocentos a mil pares de sapatos amontoados ao lado de grandes pilhas de roupas.

Sem gritos nem choros, aqueles seres humanos despiam-se, formavam grupos familiares, beijavam-se em despedida e esperavam o sinal de outro oficial  das SS que também tinha um chicote na mão. Durante o quarto de hora que permaneci ali não ouvi lamentações nem protestos. Observei uma familia de oito pessoas, constituída por um homem e uma mulher, ambos com seus cinquenta anos de idade, três crianças, que deviam ter um, oito e dez anos, e duas filhas entre vinte a vinte e quatro anos. Uma velha levava a criança de colo nos braços e cantava-lhe uma canção de ninar em voz baixa. O casal tinha os olhos cheios de lágrimas. O pai pegava a mão do menino mais velho e falava-lhe ao ouvido. O menino lutava para não chorar. O pai apontou para o céu, acariciou seu cabelo e pareceu explicar-lhe algo.

O oficial das SS gritou qualquer coisa para seus homens. Formou-se um pelotão e ordenou-se a um grupo de judeus que passassem para o outro lado do monte. A familia de que falei fazia parte do grupo. Lembro-me ainda que uma das moças, ao passar por mim, apontou para seu corpo e disse: Vinte e três anos.

Dei a volta ao monte e vi uma imensa vala comum. Só distinguiam as cabeças dos que já tinham caido nela. Calculei que havia uns mil cadáveres. Um dos oficiais das SS, com um metralhadora nas mãos, disparava de quando em quando uma rajada e fumava tranquilamente.

Aqueles homens e mulheres completamente nus desciam para a vala por degraus cavados na terra, e para ocupar o lugar que lhes era indicado deviam passar por cima dos cadáveres.  O pelotão se colocou na beira e começou a disparar contra os infelizes. Admirei-me de que não me dissessem nada, mas ao voltar-me vi que não éramos os únicos espectadores: dois ou três funcionários dos correios, de uniformes, também estavam por perto.

Dei de novo a volta ao monte e vi chegarem novos grupos de vitimas. Entre elas havia uma mulher de pernas extremamente delgadas, que devia ser paralitica, pois seus companheiros ajudavam-na a despir-se. Pouco depois, com Mönnikes, peguei o carro e voltei para o centro de Dubno.


Transição por: Daniel Moratori - avidanofront.blogspot.com
Fonte: HEYDECKER, J. Joe; LEEB, Johannes. O processo de Nuremberg. Rio de Janeiro: Bruguera,1968, pg. 375-377

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Carta entre irmãos relata que civis pagavam com a vida pelos parentes guerrilheiros

Exemplo de enforcamento praticado pelos nazista no leste europeu:  Quinze civis polacos enforcados em Radom


Cartas de A. Ponomarev, soldado do Exército Vermelho, e de sua irmã, Marussia Ponomareva


7 de setembro d 1942

Recebi uma carta da minha pobre irmã e tenho o coração oprimido de angústia. Esmagarei os vermes malditos enquanto o coraão me bater no peito.
A. Ponomarev

8 de agosto de 1942

Bom dia, me querido irmão Chura,
Informo-te que estou agora na cidade de Gorki. Eis as razões: quando tomaram a nossa cidade, os alemães instalaram-se em casa dos habistantes.

Em nossa casa estava alojado um alemão muito alto. Examinou as fotografias e perguntou: De quem são estas fotografias? Fala, velha. A mãe respondeu: São do meu filho. - Onde está ele agora? - Na frente.  Pegou na fotografia e perguntou: Onde está de serviço? É guerrilheiro? Depressa, interprete. Saiu a correr e voltou logo a seguir. O interprete explicou-lhe tudo. Pegou nas tuas fotografias e nas do nosso pai e disse: Éh! velhota, vamos embora! Ela perguntou: Para onde?- Já se sabe, pagar com a tua alma pelo teu filho que é guerrilheiro. Depois me disse: E tú, rapariga, não chores. Amanha a tua mãe será enforcada. Mas não vai sozinha.

Passei a noite na cave, e depois, de manha, fui onde ele me tinha dito e sentei-me no cemiterio. Oh, que eu vejo?! Levam quarenta e cinco mulheres, a mãe também lá ia. Ia do lado direito. Amarraram-nas em grupos de dez para que não pudessem fugir. havia muita gente. Começaram a enforca-las.  Mas antes disso, uma voz disse em russo: Pagam com a sua alma pelos guerrilheiros. Ficaram enforcadas dois dias: as que caiam, levantavam-nas  e voltavam a pendura-las. Eu me salvei. Abandonei tudo. Da nossa Vorochilovgrad fui até a cidade de Gorku, para casa de sua mulher. Eis pois, querido irmão, quantas pessoas os alemães fizeram prisioneiras. Ora martirizam e degolam, ora fuzilam ou enforcam. Mata-a, essa canalha. A tua irmã conseguiu se salvar.
Marussia Ponomareva


Fonte: COELHO, Zeferino - O crime metódico. Ed. Inova Limitada - pg.87-88



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Massacre em Palikrowy

Monumento no cemitério aos
 polonês vítimas em Palikrowy.
Massacre em Palikrowy foi um crime de guerra cometidos pelo 4º Regimento de Polícia SS formado por soldados ucranianos que foram retirados da 14º Divisão SS de granadeiros Galizien na época do massacre, do SVW Ucraniano("Auto-defesa da ucraniano": Samoobronni Kuszczowi Widdiły) e das forças do Exército Insurgente Ucraniano (Ukrayins'ka Povstans'ka Armiya ou UPA) aos poloneses no povoado de Palikrowy Palykorovy na Ucrania, que foi em 12 de março de 1944.

385 poloneses foram executados. Palikrowy era uma aldeia etnicamente mista, com 70% da população polaca, e na aldeia havia várias famílias de refugiados dos massacres Volhynia. Em 1944, a população foi de cerca de 1884, com cerca de 360 casas. Ação foi coordenada com o ataque nas proximidades de Pidkamin, incluindo o monastério em Pidkamin, onde alguns habitantes de Palikrowy estavam escondidos durante as ações de limpeza étnica no oeste da Ucrânia . 


Todos os habitantes de Palikrowy foram reunidos em um campo perto da vila. Os habitantes ucranianos da aldeia foram liberados. Em seguida, os poloneses foram executados por duas metralhadoras pesadas. Apenas poucas pessoas feridas sobreviveram. Casas polacas foram queimadas e civis poloneses escondidos  foram assassinados, e seus bens roubados. Verificou-se os nomes de 265 vítimas de um total de 365 mortes.
No local da vala comum há um memorial para as vítimas.

Tradução: avidanofront.blogspot.com

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Execuções em Palmiry

Palmiry é uma vila no distrito administrativo de Gmina Czosnów, no Condado de Nowy Dwór Mazowiecki , da Mazóvia , no centro-leste da Polônia. Ela está localizada na borda da floresta Kampinos, cerca de 4 km a sudeste de Czosnów , 11 km a sudeste de Nowy Dwór Mazowiecki , e 23 km, noroeste de Varsóvia . Em 2000, a vila tinha uma população aproximada de 220.


Polonesas sendo levadas para a execução em massa na floresta. Palmiry 1940.

Pessoal da SS lidera um grupo de prisioneiros poloneses vendados para um local de execução na floresta Palmiry perto de Varsóvia. Estes civis foram detidos nas prisões Palmiry e Mokotow em Varsóvia. (Outubro-Dezembro 1939)
Reféns poloneses preparados pelo nazi-alemães para a execução em massa. Palmiry, perto de Varsóvia de 1940. Foto feita em segredo pelo serviço de inteligência da resistência polonesa (resistência).

Durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1943, a vila e para a floresta circundante era um dos locais de execuções em massa dos alemão para polonês intelectuais, políticos e atletas, morto durante a Ação AB (AB-Aktion - Außerordentliche Befriedungsaktion - Operação Extraordinária de Pacificação ). A maioria das vítimas foram o primeiro presos e torturados na prisão Pawiak em Varsóvia, e em seguida transferidos para o local da execução. No total, os restos de pelo menos 2.115 homens e mulheres foram exumados, mas é provável que nem todos os corpos foram encontrados. Listada entre as vítimas mais conhecidas são:

Juliusz Dąbrowski, jornalista e um dos líderes do Movimento Escoteiro Polaco
Witold Hulewicz, radialista e poeta
Stefan Kopeć, biólogo e fisiologista, professor da Universidade de Varsóvia
Janusz Kusociński, atleta, vencedor de 10 000 m na Olimpíada de 1932.
Mieczysław Niedziałkowski, político do Partido Socialista Polonês
Estanislau Piasecki  jornalista político e crítico de arte
Jan Pohoski, político, ex-vice-presidente de Varsóvia
Dawid Przepiórka, mestre de xadrez
Maciej Rataj, político, presidente do Sejm
Kazimierz Zakrzewski , cientista, professor da Universidade de Varsóvia
Cemitério em Palmiry


Túmulo de Janusz Kusociński em Palmiry, perto de Varsóvia

Depois da guerra, em 1946, os corpos das vítimas das atrocidades alemães foram exumados e enterrados em um cemitério novo, situado aproximadamente 5 km da vila em si. O local de enterro foi um mausoléu nacional polaco desde 1948.

Traduzido por: avidanofront.blogspot.com
http://en.wikipedia.org/wiki/Palmiry

domingo, 9 de janeiro de 2011

Serviço secreto alemão sabia que Eichmann vivia na Argentina desde 1952

Documento divulgado em 2007 mostra foto de Ricardo Klement, nome utilizado pelo oficial da SS Adolf Eichmann


AFP 08/01/2011

BERLIM — O serviço secreto alemão sabia desde 1952 que Adolf Eichmann, oficial da SS nazista procurado por participar do Holocausto de judeus na Segunda Guerra Mundial, havia se refugiado na Argentina após o fim do conflito, revelou neste sábado o jornal alemão Bild.
Eichmann, tenente coronel da SS, responsável pela logística para a deportação dos judeus, foi preso pelos Estados Unidos em 1945, mas conseguiu fugir.
Depois de viver clandestinamente na Alemanha durante vários anos, Eichmann viajou para a Argentina sob identidade falsa, mas foi encontrado pelo serviço secreto israelense e sequestrado em 1960. Julgado e condenado em Israel, o ex-oficial da SS foi enforcado em 1962.
"Eichmann não está no Egito, vive com um nome falso de Clemens na Argentina", diz uma ficha do serviço de inteligência alemão datada de 1952, reproduzida parcialmente pelo Bild.
Na época, Eichmann utilizaba o nome de "Ricardo Klement", segundo o Bild, destacando que os serviços alemães nada fizeram para prender o criminoso de guerra.
De acordo com documentos da CIA revelados em 2006, as autoridades alemãs aparentemente esperaram até 1958 para informar seus pares americanos sobre a localização de Eichmann.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Assassinatos em massa: Relatório de um comandante de regimento ao Comandante-Chefe do 9º Exército


9º Batalhão de Policia
O Comandante Rösler, do 528º Regimento de Infantaria, mandou, a 3 de janeiro de 1942, um relatório ao Comandante-Chefe do 9º Exército, General Schierwind, que foi encontrado depois da guerra e apresentado ante os juízes no Processo de Nuremberg. Este relatório dizia:

Em fins de julho de 1941, o regimento sob minhas ordens marchava para Schitomir, onde teríamos ins dias de descanso. Quando, acompanhado pelo meu Estado-Maior, na tarde do dia da chegada, ocupei a casa que nos fora destinada, ouvi, bastante próximo, uns tiros de espingarda e pouco depois disparos isolados de pistola. Decidi perguntar sobre que se tratava. Na companhia do meu ajudante e do oficial de serviço, os tenentes von Bassewitz e Müller-Brodmann, dirigi-me para o local de onde procediam os disparos. Logo constatamos que eramos testemunhas de um horrendo espetáculo. Vimos nu,erosos soldados e civis indo para um pequeno declive onde conforme nos disseram, cumpria-se cada dia um sem fim de execuções.

Subimos num monte e então vimos o espetáculo em toda a sua amplitude. No declive tinham cavado uma vala de uns sete ou oito metros de comprimento e quatro  de largura de largura e a  terra fora amontoada a uma lado. Esta terra estava manchada de sangue. A mesma  vala estava cheia de cadaveres de ambos os sexos e era dificil calcular o seu numero, pois não se podia ver a sua profundidade.

Distinguimos  um pelotão de execução constituido por agentes de policia sob as ordens de um oficial também da policia. Os uniformes dos agentes estavam manchados de sangue. Vimos muitos soldados dos regimentos designados para aquele setor, alguns apenas em traje de banho, que assistiam as execuções . Além  deles, camponeses, mulheres e crianças,. Aproximei-me da vala e deparei um quadro dque não esquecerei enquanto viver. Um ancião, a barba completametne branca, ainda dava sinais de vida. Supliquei a um dos agentes que lhe desse o tiro de misericordia. Ele me respondeu: Já enfiei sete balas no corpo dele. Morrerá sozinho.


Os cadáveres ficavam estendidos na vala, na mesma posição em que tinham caido. Muitos ainda viviam e os oficiais disparavam-lhes o tiro de misericórdia na nuca.


Pela minha participação na Grande Guerra e nas campanhas da França e Russia, fora testemunha de muitos fatos deploráveis, mas não me lembro de ter testemunhado coisa parecida.

Esta exposição de um comandante alemão poderia ser completada por centenas de outras testemunhas. Em todo o Leste, nas proximidades de todas as grandes povoações, tinham ocorrido fuzilamentos em massa.


Transição por: avidanofront.blogspot.com
Fonte: HEYDECKER, J. Joe; LEEB, Johannes. O processo de Nuremberg. Rio de Janeiro: Bruguera,1968, pg. 353-354

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Atrocidades cometidas pelos russos e pelo Leibstandarte SS

"Como um monstro pré-histórico preso numa rede, o Exercito Vermelho esforçava-se desesperadamente e com efeito cada vez maior à medida que os reflexos ativavam as partes mais distantes do seu corpo".

Soldados do Kampfgruppe Hansen
(1st SS-Panzer-Division LSSAH)
Parte desse efeito cada vez maior foi demonstrada pelo abandono das convenções de guerra -  pratica particularmente observável em qualquer frente onde o "Leibstandarte" estava empenhado em combate. Talvez os informes sobre a ferocidade dos homens das SS (pois todos os regimentos SS tinham recebido algo da reputação do "Leibstandarte") tivessem determinado isso. Fosse qual fosse a razão, a verdade é que os russos procediam como se tivessem também o seu Himmler ideológico que lhes dissera, tal como aquele disse às SS, que ali estava um inimigo que, de tão desprezível, podia ser "fuzilado sem piedade e compaixão". Prisioneiros alemães eram levados para prédios que em seguida eram incendiados, ou metralhados contra as paredes de um galpão, como os Norfolks massacrados em Le Paradis, ou esquartejados como os lendários judeus de Bzura. A bandeira branca de rendição não era passaporte para a segurança. Em Goryk, uma cidade fortificada como parte da "Linha Stalin", um dos comandantes de companhia de Meyer, Gottlob Zipfel, recebeu ordens de fazer represálias contra os que a defendiam. Pouco antes, num ponto mais abaixo, no mesmo setor, em Slucz, havia-se verificado uma batalha rápida e uma tropa de cavalaria alemã fora isolada do seu regimento. Seus homens adotaram atitude mais realista do que os soldados da Pomorska polonesa, e não fizeram ataques quixotescos aos blindados que os combatiam. Eles sabiam quando estavam derrotados. O líder da tropa tomou de um lençol branco que utilizava para forrar sua cama de campanha e o exibiu como bandeira de rendição. Depois de terem sido tratados com enganadora civilidade, foram decapitados quando o conflito chegou a Goryk, e suas cabeças empaladas nas pontas de ferro da cidadela, à verdadeira moda medieval. Os cavalos que montavam foram esquartejados vivos, sendo suas entranhas, embrulhadas na bandeira de rendição, jogadas no caminho dos alemães. "Nada poderia ter testemunhado de maneira mais forte  a sua qualidade subumana (Untermensch)", disse Meyer. A represália de Zipfel foi expulsar 200 civis dos aposentos da guarnição com bombas de fumaça e depois leva-los a um pequeno chalé ensopado de gasolina. ("O chalé era diminuto e tivemos de empurra-los para dentro como pés em sapatos apertados. Dava para ouvir os ossos estalando."). As janelas e a porta foram barricadas e uma granada de mão foi lançada pela chaminé. A explosão e o fogaréu "foram espetaculares e o fedor de carne russa assando era muito satisfatório", informou Zipfel.

 Houve muitas dessas atrocidades, como todos os Aliados relataram com veemencia nos julgamentos em Nuremberg, nos quais a organização SS foi acusada de assassinato, como o "Leibstandarte" sendo direta ou indiretamente  envolvido em nada menos que 31 acusações especificas. Mas os acusados alegavam "represália" como explicação e, alias, como justificativa. Naturalmente, nunca se pode decidir sobre quem desfechou o primeiro golpe. Dietrich ordenou sem hesitação o fuzilamento de 4000 prisioneiros russos durante a batalha de Tagarong, quando os cadáveres de seis membros de "Leibstandarte" que, segundos civis soviéticos, tinham sido surrados e esquartejados até morrer sob machados e pás pela policia secreta russa, foram encontrados num pátio.  Dietrich tambem não hesitou em fuzilar um pelotãode infantaria SS que havia mostrado sinais de covardia quando participava da grande batalha da curva do Dnieper. Eles não eram homens do "Leibstandarte": faziam parte de uma batalhão SS recrutado com base na ordem de Himmler permitindo o influxo de sangue estrangeiro para que o fornecimento de homens à Wermacht não fosse prejudicado. "Eles eram letões, romenos e ralé semelhante, e tinham recuado da frente aos berros de 'Os tanques russos estão chegando!'. Que valor tinham tais homens? A gente os fuzilava instantaneamente e jogava seus corpos no rio." Piedade e compaixão estavam fora dos termos de referencia de Dietrich. Assim é que ele também não demonstrou qualquer remorso ao mandar um bando de Schrecklichkeit (terror) do "Leibstandarte" espancar até a morte 200 feridos num hospital de Kharkov, antes de incendiar o prédio. Nesse hediondo, os atacantes usaram os cintos do "Leibstandarte", cujas fivelas exibiam o lema "Minha honra chama-se fidelidade" (Meine Ehre heisst Treue). Um deles disse em Nuremberg que "Não pareceu ignominioso. Era uma ordem e era pelo Fuhrer e pelo Reich. Não nos teriam mandado fazer aquilo se não fosse necessário".

Não é de se espantar que a "temida e terrível arma do "Leibstandarte", sua reputação(frase de Himmler), o precedesse em cada batalha.

Transcrição por: Daniel Moratori  - avidanofront.blogspot.com
Fonte: WIKES, Alan - A guarda de Hitler - SS Leibstandarte - Ed. Renes; pg.125-128

domingo, 2 de janeiro de 2011

Carta de Grigori Daineka, primeiro tenente na URSS

Soldados alemães no rio Bug na Bielorrússia, 22 jun 1941


4 de setembro de 1942

Sou bielorusso da região de Polessie, circulo de Outubro. Li na Pravda o artigo intitulado: Na terra da Bielorrussia.

Fez-me sangrar o coração. Os alemães chegaram a Rudobielka. Encerraram no clube duzentos e dez habitantes e queimaram-nos a todos. Torturaram Nadia Mikhailovskaia: cortaram-lhe os seios, furaram-lhe os olhos. Lançaram ao fogo a mulher de Samutina

E, na minha aldeia natal de Karpilovka, queimaram num barraco setecentas mulheres e crianças. Assim morreu o doutor Tchernnettski, tão querido do povo. Queimado pelos alemães. E, como é horrivel dize-lo, tambem morreu queimada a minha namorada.

...Quero afirmar bem alto que o nosso povo bielorusso vive. Eis o meu juramento: Nos vingaremos. Dizei aos combatentes: se não matarmos os alemães eles tambem  queimarão as vossas namoradas. Dizei-lhes: se sentirem dificuldades durante a ofensiva, pensem em Helena Grapanovitch, e se sentirão melhor. A mesma dor e o mesmo destino para todos. Hoje a minha dor é grande, mas não perdi a coragem. Sei que avançamos para oeste.

Grigori Daineka

Transcrito por: Daniel Moratori - avidanofront.blogspot.com
Fonte: COELHO, Zeferino - O crime metódico. Ed. Inova Limitada - pg.86-87