Sobreviventes do Holocausto se reúnem em uma vala comum, Dubno de 1945 |
Sir Hartley Shawcross, o Promotor-Geral inglês em Nuremberg, leu outro documentado que reproduzirmos textualmente.
Trata-se da declaração juramentada do engenheiro alemão Hermann Friedrich Gräbe, que trabalhou de janeiro de 1941 a janeiro de 1944 como gerente de uma sucursal da construtora Josef Jung Solinger, em Zdolbunow, na Ucrania polonesa. Uma das suas obrigações era visitar as obras que a empresa construía, entre elas um conjunto de silos no antigo campo de aviação da aldeia de Dubno.
Quando a 5 de outubro de 1942 visitei nosso escritorio em Dubno - leu Sir Hartley Shawcross - contou-me um dos empregados, Hubert Mönnikes ( de Hamburg-Haburg, Aussenmühlenweg 21), que perto do local onde estávamos construindo os silos tinham sido executados, em três grandes valas de uns trinta metros de comprimento e três de profundidade, os judeus de Dubno. Em média, foram executados 1500 pessoas por dia. Ao fim de tudo cerca de 5000 judeus residentes na aldeia tinham sido eliminados por este processo.
Inspecionei em seguida as obras, em companhia de Mönnikes, e por perto vi alguns montes de terra de uns trinta metros de comprimento por dois de largura. Defronte, vi caminhões dos quais uma milícia ucraniana, sob ordens de um SS, obrigava a descer homens e mulheres. Estes homens e mulheres levavam nas suas roupas um distintivo amarelo, o que imediatamente me fez reconhecer que eram judeus.
Mönnikes e eu nos aproximamos. Ninguém nos disse nada. Ouvimos várias descargas de fuzil soarem atrás de um dos montes. Os homens, mulheres e crianças que tinham chegado nos caminhões era obrigados a se despir e colocar à parte os seus ternos ou vestidos, peças intimas e sapatos. As ordens eram dadas por um oficial das SS que tinha na mão direita um chicote. Pelo que pude notar, devia haver entre oitocentos a mil pares de sapatos amontoados ao lado de grandes pilhas de roupas.
Sem gritos nem choros, aqueles seres humanos despiam-se, formavam grupos familiares, beijavam-se em despedida e esperavam o sinal de outro oficial das SS que também tinha um chicote na mão. Durante o quarto de hora que permaneci ali não ouvi lamentações nem protestos. Observei uma familia de oito pessoas, constituída por um homem e uma mulher, ambos com seus cinquenta anos de idade, três crianças, que deviam ter um, oito e dez anos, e duas filhas entre vinte a vinte e quatro anos. Uma velha levava a criança de colo nos braços e cantava-lhe uma canção de ninar em voz baixa. O casal tinha os olhos cheios de lágrimas. O pai pegava a mão do menino mais velho e falava-lhe ao ouvido. O menino lutava para não chorar. O pai apontou para o céu, acariciou seu cabelo e pareceu explicar-lhe algo.
O oficial das SS gritou qualquer coisa para seus homens. Formou-se um pelotão e ordenou-se a um grupo de judeus que passassem para o outro lado do monte. A familia de que falei fazia parte do grupo. Lembro-me ainda que uma das moças, ao passar por mim, apontou para seu corpo e disse: Vinte e três anos.
Dei a volta ao monte e vi uma imensa vala comum. Só distinguiam as cabeças dos que já tinham caido nela. Calculei que havia uns mil cadáveres. Um dos oficiais das SS, com um metralhadora nas mãos, disparava de quando em quando uma rajada e fumava tranquilamente.
Aqueles homens e mulheres completamente nus desciam para a vala por degraus cavados na terra, e para ocupar o lugar que lhes era indicado deviam passar por cima dos cadáveres. O pelotão se colocou na beira e começou a disparar contra os infelizes. Admirei-me de que não me dissessem nada, mas ao voltar-me vi que não éramos os únicos espectadores: dois ou três funcionários dos correios, de uniformes, também estavam por perto.
Dei de novo a volta ao monte e vi chegarem novos grupos de vitimas. Entre elas havia uma mulher de pernas extremamente delgadas, que devia ser paralitica, pois seus companheiros ajudavam-na a despir-se. Pouco depois, com Mönnikes, peguei o carro e voltei para o centro de Dubno.
Mönnikes e eu nos aproximamos. Ninguém nos disse nada. Ouvimos várias descargas de fuzil soarem atrás de um dos montes. Os homens, mulheres e crianças que tinham chegado nos caminhões era obrigados a se despir e colocar à parte os seus ternos ou vestidos, peças intimas e sapatos. As ordens eram dadas por um oficial das SS que tinha na mão direita um chicote. Pelo que pude notar, devia haver entre oitocentos a mil pares de sapatos amontoados ao lado de grandes pilhas de roupas.
Sem gritos nem choros, aqueles seres humanos despiam-se, formavam grupos familiares, beijavam-se em despedida e esperavam o sinal de outro oficial das SS que também tinha um chicote na mão. Durante o quarto de hora que permaneci ali não ouvi lamentações nem protestos. Observei uma familia de oito pessoas, constituída por um homem e uma mulher, ambos com seus cinquenta anos de idade, três crianças, que deviam ter um, oito e dez anos, e duas filhas entre vinte a vinte e quatro anos. Uma velha levava a criança de colo nos braços e cantava-lhe uma canção de ninar em voz baixa. O casal tinha os olhos cheios de lágrimas. O pai pegava a mão do menino mais velho e falava-lhe ao ouvido. O menino lutava para não chorar. O pai apontou para o céu, acariciou seu cabelo e pareceu explicar-lhe algo.
O oficial das SS gritou qualquer coisa para seus homens. Formou-se um pelotão e ordenou-se a um grupo de judeus que passassem para o outro lado do monte. A familia de que falei fazia parte do grupo. Lembro-me ainda que uma das moças, ao passar por mim, apontou para seu corpo e disse: Vinte e três anos.
Dei a volta ao monte e vi uma imensa vala comum. Só distinguiam as cabeças dos que já tinham caido nela. Calculei que havia uns mil cadáveres. Um dos oficiais das SS, com um metralhadora nas mãos, disparava de quando em quando uma rajada e fumava tranquilamente.
Aqueles homens e mulheres completamente nus desciam para a vala por degraus cavados na terra, e para ocupar o lugar que lhes era indicado deviam passar por cima dos cadáveres. O pelotão se colocou na beira e começou a disparar contra os infelizes. Admirei-me de que não me dissessem nada, mas ao voltar-me vi que não éramos os únicos espectadores: dois ou três funcionários dos correios, de uniformes, também estavam por perto.
Dei de novo a volta ao monte e vi chegarem novos grupos de vitimas. Entre elas havia uma mulher de pernas extremamente delgadas, que devia ser paralitica, pois seus companheiros ajudavam-na a despir-se. Pouco depois, com Mönnikes, peguei o carro e voltei para o centro de Dubno.
Transição por: Daniel Moratori - avidanofront.blogspot.com
Fonte: HEYDECKER, J. Joe; LEEB, Johannes. O processo de Nuremberg. Rio de Janeiro: Bruguera,1968, pg. 375-377
Quanta atrocidade,quanta falta de humanidade,e estes senhores que observavam,será que sentiam alguma coisa??A crueldade no seu sentido mais profundo... Famílias inteiras sabendo que seriam executadas, homens ,mulheres , crianças ...Que tempo era esse ?? Lutemos pela nunca repetição de tais atos perpetrados pelos Nazistas.
ResponderExcluirUm dos maiores crimes contra a humaninade o holocausto.............!!!
ResponderExcluirO ser humano chegando ao fundo dá insensibilidade!
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