O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe |
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou nesta quarta-feira que a Constituição pacifista herdada da Segunda Guerra Mundial e imposta pelos Estados Unidos será revisada até 2020, ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Em um artigo publicado no jornal Sankei Shimbun, Abe, conhecido pelo nacionalismo, afirma que a Carta Magna, cujo artigo 9 destaca a renúncia "para sempre" à guerra, "será modificada até 2020". "Penso que até lá o Japão terá restabelecido por completo seu status e dará uma grande contribuição à paz na região e no mundo", escreveu Abe.
Considerado um "falcão" na área diplomática pelos vizinhos China e Coreia do Sul, Abe anunciou em seu retorno ao poder, em dezembro de 2012, que desejava modificar a Constituição, em vigor desde 1947.
Na mensagem de Ano Novo, Shinzo Abe insistiu no objetivo. "Já passaram 68 anos (desde a rendição japonesa em 15 de agosto de 1945), agora é o momento de aprofundar o debate nacional para uma revisão que responda às mudanças da época", explica o primeiro-ministro. "Chegou o momento do Japão dar um grande passo adiante e fazer um esforço para construir a nação", completa.
Abe aproveitou a oportunidade para advertir que não cederá um centímetro nos conflitos territoriais de Tóquio com Pequim e Seul. "Estamos decididos a proteger todo o território nacional, em terra, mar e ar".
As relações China-Japão passam por um momento de tensão pela disputa de um arquipélago desabitado do Mar da China Oriental. As ilhas são controladas por Tóquio com o nome de Senkaku, mas a China as reivindica com o nome de Diaoyu.
A tensão aumentou em novembro, quando Pequim decretou uma zona de defesa aérea em uma grande região do Mar da China Oriental, que inclui o arquipélago em disputa.
Para aumentar a polêmica, nesta quarta-feira, poucos dias depois da visita de Abe, o ministro japonês de Assuntos Internos, Yoshitaka Shindo, também compareceu ao polêmico santuário Yasukuni de Tóquio, símbolo do passado militarista nipônico para muitos países da região.
Sinzo Abe visitou o santuário xintoísta em 26 de dezembro, o que revoltou os governos da China e da Coreia do Sul. Yasukuni homenageia a memória de 2,5 milhões de mortos em conflitos, o que inclui 14 criminosos de guerra condenados depois de 1945.
Apesar das declarações de Abe sobre o objetivo pacifista da visita, a primeira de um chefe de governo japonês desde 2006, China e Coreia do Sul criticaram a peregrinação, que consideraram um insulto às vítimas das atrocidades cometidas pelas tropas nipônicas na primeira metade do século XX.
Ao mesmo tempo, o jornal japonês Yomiuri Shimbun informou que a China está estudando uma reorganização das sete zonas militares, que seriam reduzidas para cinco, o que ajudaria na resposta a uma crise.
Cada nova região militar teria um comando de operações conjunto para controlar exército, marinha e aeronáutica, além de uma unidade de mísseis estratégicos, segundo o jornal, que cita fontes chinesas. De acordo com a publicação, esta é uma "medida preventiva destinada a contra-atacar a aliança Japão-Estados Unidos".
Fonte: Terra
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