terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Depoimento sobre a fuga de prisioneiros de guerra feridos já transportados para o local de execução.


Berdichev, Ucrânia, 1942, soldados alemães guardam os prisioneiros soviéticos ao lado de um forte


Comandante da Policia de Segurança e SD, Zhitomir


DEPOIMENTO DO STURMSCHARFÜHRER SS FRITZ KNOP SOBRE A EVASÃO DE PRISIONEIROS DE GUERRA FERIDOS JÁ TRANSPORTADOS PARA O LOCAL DE EXECUÇÃO



Berditchev

24 de dezembro de 1942

O sturmscharführer SS e secretário-chefe da polícia criminal Fritz Knop, nascido a 18 de Abril de 1897 em Neuklinz distrito de Koeslin, apresentou-se à convocatória. Fritz Knop depôs o seguinte: 

Desde meados de agosto sou em Berditchev o chefe do anexo da polícia de segurança e do SD de Jitomir. A 23 de dezembro de 1942, o chefe-adjunto, o Hauptsturmführer SS Kallbach inspeccionou o serviço local e o campo de educação pelo trabalho que depende do serviço de que estou encarregado. Neste campo de trabalho encontram-se, desde fins de outubro ou princípios de novembro, 78 antigos prisioneiros de guerra transferidos do campo de Jitomir devido à sua inaptidão para o trabalho. Que eu saiba, um certo número de prisioneiros de guerra foi posto em dada altura à disposição do chefe da polícia de segurança e do SD. Em Jitomir escolheu-se entre eles um pequeno número de homens parcialmente aptos para o trabalho, e os outros 78 foram enviados para o campo de trabalho local. Lembrosme que unia parte dos prisioneiros de guerra foi levada de caminhão para um ponto dos arredores. Depois, tais operações foram suspensas a pedido do exército. Não quero que as minhas palavras sejam mal interpretadas: o exército não se opunha de modo algum a estas medidas, mas desejava que, na altura da transferência, esses prisioneiros fossem colocados em alguma parte.

 Os 78 prisioneiros de guerra que se encontravam no campo eram exclusivamente feridos graves. Alguns tinham perdido as duas pernas, outros os dois braços, outros ainda, faltavam-lhes um dos membros. Poucos tinham todos os membros, mas mesmo estes estavam de tal modo diminuídos por outros ferimentos que não podiam executar trabalho algum. Apenas estavam encarregados de cuidar dos primeiros. Quando da inspecção do campo de trabalho a 23 de Dezembro de 1942, o hauptsturmführer SS Kallbach deu ordens para que os 68 ou 70 prisioneiros de guerra que tinham ficado vivos depois dos casos mortais que se tinham registado, fossem submetidos hoje mesmo a tratamento especial (1). Com esse fim mandou pôr à disposição um caminhão com o condutor SS Schaefer que chegou aqui hoje às 11:30h.

 Esta manhã encarreguei da execução o unterscharführer SS Paal, o rottenführer SS Hesselbach e o sturmführer SS Volprecht. Nomeei Volprecht responsável da execução... 

Não me lembrei de assegurar a execução por um comando mais numeroso porque o local designado ficava longe da vista de estranhos e os detidos não podiam fugir dadas as suas enfermidades.

 Cerca das 15 horas telefonaram-me do campo a dizer que um dos colaboradores do meu serviço que devia executar esta missão especial tinha sido ferido e que um prisioneiro tinha fugido. Enviei imediatamente ao local de execução um carro com o hauptscharführer SS Wentzel e o oberscharführer SS Fritsch. Um pouco mais tarde informaram-me de novo do campo que dois colaboradores do meu serviço tinham sido mortos. Parti imediatamente para o campo num automóvel militar que tinha chegado por acaso. Perto do campo encontrei um caminhão com os dois cadáveres. Hesselbach contou-me o que tinha acontecido. Segundo o seu relato, ele, Hesselbach, estava a fuzilar os prisioneiros na vala enquanto os dois outros colaboradores estavam de guarda junto do caminhão. Hesselbach já tinha fuzilado três prisioneiros e tinha o quarto junto de si quando ouviu tiros. Então, matou o quarto prisioneiro, saiu da vala e viu que os prisioneiros corriam em várias direções. Começou a atirar sobre eles e, segundo afirma, matou dois. Fui ao campo e dei ordens para guardarem os detidos com um cuidado particular. Não podia reforçar a guarda porque não dispunha dos homens necessários. Também não podia obter dos outros organismos policiais os homens para reforçar a guarda pois encontravam-se em operações. No campo, Hesselbach deu ordem a um grupo de 20 homens para pesquisar o terreno para encontrar os evadidos. Informei a polícia rural, a guarda e a polícia dos caminhos de ferro. Hesselbach, o condutor e os dois homens enviados por mim enterraram os prisioneiros de guerra fuzilados. 

Gostaria ainda de informar que este incidente teve lugar durante a segunda execução. Esta foi precedida pela execução  de cerca de vinte prisioneiro de guerra que decorreu sem incidentes...

( O Original alemão encontra-se nos arquivos Centrais da U.R.S.S sobre a Revolução de outubro, fundo 7445. registro 2, dossier 126, folhas 132 a 134

Quer dizer, execução.

Transcrição: Daniel Moratori - avidanofront.blogspot.com
Fonte: COELHO, Zeferino - O crime metódico. Ed. Inova Limitada - pg.142-145

Fonte alternativa e complementar:
O depoimento se encontra no link também, para quem quiser dar uma conferida. Tem uma parte a mais do que a no livro, depois das reticencias. Essa frase é assim:


"Imediatamente após o meu retorno, liguei para o comandante Zhitomir com  devolvendo uma mensagem reembolsada. 

Mais informações, eu não tenho que fazer. Digo-vos a minha história é verdadeira e que se a informação não é precisa, receba meu castigo e a expulsão da SS."

Data e hora:

Kuntze

Fritz Knop Ostuf SS, SS St. S

Outra fonte onde tem mais sobre a execução dos prisioneiros mutilados:



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