12 de dezembro de 1939 8:30h. Uma pequena colina coberta de neve encontra-se em poder da infantaria russa. O ponto, vital para a defesa da zona, deve ser tomado pelos finlandeses. Ainda está escuro. As primeras explosões mostram que começou o fogo de morteiros.
As tropas finlandesas iniciam o ataque. O bombardeio das posições inimigas prolonga-se por alguns minutos. Nada mais que minutos. Os poucos projéteis são preciosos. E também o tempo. Os finlandeses devem tomar a colina antes da chegada de reforços do inimigo. Também os homens escasseiam.
Dois batalhões finlandeses batem-se energicamente. Os russos, sitiados no cume da colina, defendem-se desesperadamente. Por fim, premido pelo tempo e a necessidade de economizar munições, os finlandeses lançam-se ao assalto direto. Na luta que se segue, corpo a corpo, as baionetas e as armas curtas cumprem a sua missão. Homem por homem, os soviéticos, apesar da sua encarniçada defesa, são aniquilados. Restam apenas alguns, feitos prisioneiros, na maioria feridos. Grande número de metralhadoras e fuzis automáticos caem nas mãos dos finlandeses. Substituirão os seus fuzis, modelo 1871, veneráveis armas com quase 70 anos de uso.
A conquista da colina, porém, não significa o fim da ação. Inesperadamente, dois tanques soviéticos aparecem a toda velocidade, levantando verdadeiras ondas de neve. Os finlandeses, sem armas antitanques, buscam desesperadamente um refúgio. Tudo inútil. Troncos de árvores, montículos de neve, fossos, trincheiras, tudo é procurado pelos soldados que não têm, para se defender mais do que as suas pequenas armas portáteis. Os projéteis das metralhadoras dos tanques varrem o terreno. Os fuzís respondem ao fogo, a mira em direção das vigias dos veículos. Afinal, num gesto de bravura extrema, o subtenente da reserva Huevinen, ajudante da capital Shvonen, chefe de um dos dois batalhões finlandeses retira do seu cinturão cinco grandas de mão, amarra-as formando um feixe e começa a arrastar-se penosamente entre a neve na direção dos tanques. Mas, não vai só. Alguém o segue. É o subtenente da reserva Virkki, que leva por única arma uma pistola Mauser. Instantes depois, já se encontra a 30 metros do monstro de aço. Levantando-se de um salto, Virkki aponta e descarrega a sua pistola contra a vigia de observação do primeiro tanque.
O seu objetivo é eliminar o tanquista e deixar o veículo sem controle. Virkki aperta o gatilho da arma durante dois segundos e se joga sobre a neve. Sobre a sua cabeça, instantaneamente, silvam as balas da metralhadora do tanque. A resposta foi imediata. De repente, a rajada disparada do tanque cessa. É apenas um segundo de trégua. Mas Virkki não o desperdiça. Salta novamente e, de pé frente ao blindado, esvazia novo pente. Rápida, a metralhadora do tanque gira para ele e responde ao fogo. Mas já Virkki está afundado na neve, apertando o seu rosto contra o solo, e mudando o pente da arma. Três vezes consecutivas repete-se o episódio. É um homem contra um tanque. Uma pistola contra uma metralhadora pesada calibre 50. Um uniforme branco, de pano, contra uma chapa blindada. Há algo mais: é a bravura do homem que defende a sua terra, os seus filhos o seu direito à liberdade. E isso é o mais importante.
Os tanques, entretanto, giram sôbre as esteiras e começan a se afastar. O subtenente Houvinen levanta-se e corre atrás do segundo, esgrimindo o seu feixe de granadas. É um espetáculo estranho. Dois gigantes de aço aumentando paulatinamente a velocidade e um homem, um só, correndo penosamente sobre a neve, atrás deles, com cinco granadas na mão direita. Finalmente os tanques se perdem na brancura das planícies, deixando para trás a bravura de um punhado de homens.
Maravilha de história. Li pela primeira vez quando criança na revista A Segunda Guerra Mundial. Fico emocionado toda vez que receio.
ResponderExcluir