Os soldados alemães movimentavam-se lentamente ao longo das ruas do povoado. Uma coluna de caminhões e alguns veículos blindados já haviam cruzado por ali e estavam estacionados na praça principal. Tratava-se, sem dúvida alguma, do local mais bem protegido da cidadezinha, por estar rodeado de edifícios que impediam a visão direta das trincheiras russas. Horas depois, distribuídas as sentinelas, grande parte dos homens receberam permissão para um rápido descanso. Os alemães, sem esperar repetição da ordem, dispersaram-se pelos lugares protegidas e caíram, em poucos minutos, no mais profundo sono.
Duas horas se passaram. Algumas sentinelas passeavam lentamente pelas ruas desertas. Outras vigiavam do alto dos tetos das casas. O silêncio era total. De súbito um silvo fez com que os homens se lançassem rapidamente ao solo. Foi apenas um instante. Ouviu-se em seguida a explosão atroadora no silêncio reinante. Depois da primeira, produziu-se outra e mais outra.
Os alemães compreenderam. A artilharia russa havia começado a bombardear o lugarejo. Os oficiais logo distribuíram suas ordens. Pequenos grupos de soldados correram pelas ruas e tomaram posições.
Um cinturão de homens e metralhadoras rodeou os caminhões e tanques estacionados na praça central. Porém o assalto esperado não se produziu. Em troca, um certeiro fogo de artilharia começou a martelar os arredores da praça, aproximando-se mais e mais dos caminhões e tanques. Minutos depois, o tiro da artilharia russa, evidentemente dirigido por um observador, atingiu os veículos e a zona circundante. Às pressas, tanques e caminhões foram removidos para outro local. Os projéteis, enquanto isso, continuavam caindo sem interrupção no lugar onde os veículos haviam estado parados. Pouco depois, seguindo as evidentes instruções do observador, os disparos começaram a cair na nova localização dos veículos.
Duas horas depois o bombardeio estava terminado. Vários tanques destruídos eram testemunhas da orientação precisa proporcionada aos artilheiros russos pelo observador desconhecido.
Sem perda de tempo, os oficiais alemães estudaram minuciosamente a situação. Seguindo a trajetória dos disparos, foi possível determinar a posição das baterias russas que haviam bombardeado a região. Posteriormente, marcando sobre um mapa as duas posições que os veículos haviam ocupado dentro da cidade, localizou-se um pequeno setor que sem dúvida, devia estar os informantes. Várias patrulhas foram logo enviadas. E a rápida operação foi coroada de êxito. Diante deles erguia-se a torre de uma antiga igreja. Aquele era o único lugar de onde se divisaria o movimento dos tanques alemães. Um oficial aproximou-se da torre, e munido de um megafone, em russo, intimou à rendição os seus prováveis ocupantes. Depois de alguns instantes de silêncio, uma cabeça assomou no alto, por uma janela. E o homem falou de dentro da torre, identificando-se como um oficial russo. Sem a menor alteração na voz, respondeu às ordens do oficial alemão, lamentando ter que negar-se a se entregar.
Surpreendido com aquela demonstração de coragem, o oficial alemão renovou o pedido de rendição, dizendo, ao mesmo tempo, que não podia ordenar que um homem corajoso fosse morto naquelas condições, sem a menor possibilidade de salvar a vida. Um ou dois segundos passaram, e novamente a mesma cabeça assomou no alto da janela. Com uma linguagem semelhante à da primeira oportunidade, o oficial russo respondeu, cortêsmente, que não se entregava.
Depois de um instante de vacilação, lamentando-se intimamente, o oficial alemão deu uma ordem. Uma granada cruzou o ar em direção à torre. Um segundo depois uma tremenda explosão encheu a praça de logo um montão fumegante de escombros era rodeado pelos soldados alemães. Entre as ruínas, os corpos de dois oficiais soviéticos se destacavam. A uma ordem do oficial alemão que comandava o grupo, os soldados alemães apresentaram armas, rendendo homenagem à coragem dos que morreram.
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